sexta-feira, 9 de janeiro de 2015

Perucas, brilhos e muita música: a era das girl groups

Alô, alô, barraqueiros!

Estamos de volta, com nosso primeiro post de 2014!

Quem já acompanhou meus outros posts aqui no Barraco percebeu que tenho uma vibe meio oldie, que curto umas coisas meio clássicas (ou antigas... ou velhas, como quiserem chamar, rsrsrs), seja músicas, programas de TV, séries, livros ou qualquer manifestação de arte.

Então. No ano passado, acabei descobrindo e me familiarizando muito com uma tendência que invadiu o cenário musical dos Estados Unidos tempos atrás: as girl groups.

Vocês devem ter pensado nisto:

As Spice Girls, consideradas mais como uma girl band

Mas eu tô falando mais disto aqui:

The Supremes (a sensação norte-americana que
bateu de frente com os Beatles)

Sacou agora?

Pra resumir as coisas, girl groups é o termo usado pra nomear os grupos de cantoras que surgiram entre os anos 1950 e 1960 nos Estados Unidos, em que as integrantes, normalmente, apenas cantavam (quando os grupos eram/são compostos por instrumentistas, usa-se o termo girl band - olha aí as Spice). Normalmente, o som que essas garotas faziam era voltado ou para o soul/R&B ou para o pop (algo mais aparentado com o Rock, um bocado diferente do que a gente conhece hoje), mas uma coisa costumava estar presente em todos os grupos: o cuidado com a harmonia e a combinação de vozes, seja qual fosse o estilo do conjunto.

Apesar de já existir essa tendência de conjuntos de moças brancas cantando, normalmente, em trio, combinando vozes e visual no comecinho do século XX, dos anos 1920 a 1940, como The Boswell Sisters (uma das irmãs era paraplégica e se apresentava sempre sentada) e The Andrews Sisters (que ficaram famosas por suas participações em filmes musicais típicos da época), foi no fim dos anos 50 que a moda estourou e, curiosamente, ganhou uma representatividade muito grande na música negra.

A moda começou nos anos 20 com as brancas...
(Na foto: The Andrew Sisters)
Todo mundo tem, mais ou menos, uma noção de como a questão racial sempre foi algo muito delicado na história dos norte-americanos. Durante muito tempo, a segregação acontecia também no terreno da arte, mas nesse meio de século, o som vindo da cultura negra começou a ganhar terreno entre os brancos. O blues, o gospel, o R&B, o soul e, mais tarde, o Rock'n'roll (que teve raiz nesses outros todos) ultrapassaram as barreiras de raça e fizeram o povo todo cair na dança.

... mas explodiu nos anos 50/60 com as negras!
(Na foto: The Marvelettes, a primeira
girl group negra a ter um hit nº 1)
Os brancos acabaram se acostumando a ouvir (e depois a ver) cantores negros e suas canções e acabaram se tornando fãs deles. E as girl groups foram uma parte muito importante desse sucesso. Acho muito interessante aquela moda de uma porção de garotas com as mesmas roupas, perucas rocambolescas, com passos de danças tímidos coreografados, dividindo o mesmo microfone, com ou sem uma líder (que cantava no meio das outras ou em um microfone separado).

The Ronettes (uma exceção: não eram negras,
mas entraram na vibe das perucas e fizeram sucesso)
Era comum ainda que as garotas se apresentassem como The (Qualquer coisa) Sisters (ainda que nem sempre fossem irmãs), The (Qualquer coisa)ettes, ou qualquer outro nome esquisito e curioso que fosse fácil de lembrar e atrativo para promover as meninas. Mas podia acontecer de uma das cantoras se destacar mais, seja por ter a voz mais interessante, ser mais bonita ou por qualquer motivo que os produtores achassem conveniente. Aí, passava a encabeçar o nome do grupo e vinha sempre Fulana & (ou and) The Alguma Coisa.

Martha (à direita) and The Vandellas: um bom exemplo da
fórmula: Fulana and The Others
Acabei conhecendo, ouvindo e descobrindo um pouquinho de cada uma dessas que mostrei acima e de várias outras. As histórias são semelhantes em vários pontos. Muitas tentaram o sucesso, poucas conseguiram. A fórmula das girl groups gerou centenas, mas raros conjuntos ficaram na memória (e ultrapassaram as barreiras de país e idioma). Algumas cantoras tiveram fabulosas carreiras solo, outras amargaram o ostracismo e o esquecimento. Mas o som que essas garotas fizeram... ah, isso vai ficar pra sempre!

Foi na esteira do sucesso dessas cantoras que meninas como as Spice Girls (ou o "finado" Rouge, nossa girl band tupiniquim) surgiram e ganharam seu espaço na história da música (e não apenas do pop) dos Estados Unidos e do mundo.

Deixo, de bônus, um vídeo de uma girl group meio desconhecida para os brasileiros, que surgiu nos Estados Unidos, mas só foi deslanchar (ainda que modestamente) na Inglaterra. Curtam os cabelos, as roupas, o som e todo o conceito dos anos 60 em Nothing But a Heartche. Com vocês, The Flirtations!


Comentem e compartilhem suas opiniões!
Abração, e até!

3 comentários:

  1. Ótimo post! Gostei muito do vídeo!
    Seu blog é D+!

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  2. Duas das integrantes de The Ronettes são negras...

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    Respostas
    1. Elas eram de ascendência mista, segundo consta. Não exclusivamente negras.

      Excluir

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