Alô, alô, barraqueiros!
Desde março não há postagem no Barraco, mas voltei, em clima de comemoração, com mais uma série especial!
Fiquei muito contente com o retorno que tive com a postagem comemorativa dos 50 anos de A Feiticeira (se você ainda não viu, corre, fi de Deus! Clica aqui e confira o primeiro post da série!). Muitos amigos viram, curtiram e conheceram um pouquinho mais sobre esse programa, literalmente, tão mágico! Outras pessoas não conhecidas vieram ao blog e comentaram, compartilhando suas memórias relacionadas à série! Tudo isso me deixou vivamente feliz!
Obrigado, barraqueiros! Vocês são 10+!
Obrigado, barraqueiros! Vocês são 10+!
Agora, vamos ao que interessa!
Setembro de 2014 foi de comemoração para os fãs de Samantha, James, Endora e cia. Em 2015, o mês vem com tudo e não está prosa mais uma vez! No próximo dia 18, outra série "mágica", um programa "verdadeiramente genial", completa seu 50º aniversário!
Então, venha comigo neste primeiro post de mais uma série especial do Barraco do Leon e descubra um pouco mais sobre...
Jeannie é um Gênio! |
As história de gênios, haréns, lâmpadas (porque não garrafas?) e odaliscas nunca tinham sido tão interessantes até o dia 18 de setembro de 1965, quando, às 20h, pelo canal estadunidense NBC, saltava de uma garrafa perdida em uma ilha deserta no Oceano Pacífico um gênio, ou melhor uma bela, loira e estonteante gênio, de "apenas" dois mil e alguns poucos anos, louca para se divertir e atender a todos os desejos de seu novo amo, o então capitão da Força Aérea Norte-Americana com pinta de galã Anthony "Tony" Nelson (mesmo contra sua vontade).
Ainda que o promissor astronauta, perdido na ilha pelo insucesso de uma missão de testes, tenha libertado a gênio de seu "compromisso", não houve jeito: após providenciar um helicóptero para resgatá-lo, a esperta e apaixonada garota voltou para sua garrafa e deu um jeito de enfiá-la entre os pertences de Tony, para acompanhá-lo a sua casa, em uma mítica cidade chamada Cocoa Beach, em um mítico estado chamado Flórida. Desde então, a vida do jovem capitão - e de milhares de pessoas ao redor do mundo - nunca mais foi a mesma!
Mas esta história começou um pouco antes, em 1964. O sucesso de A Feiticeira (Bewitched), série produzida e exibida pela ABC abriu os olhos dos executivos da concorrente NBC para o novo filão que acabava de nascer: o de programas que misturavam elementos mágicos com a realidade norte-americana.
Jeannie é considerada, por muita gente, um plágio quase descarado de A Feiticeira por várias razões, e poderia ter sido ainda mais. Reza a lenda que Sol Saks, o criador de Bewitched, teria sido convidado pelos executivos da NBC para escrever a nova série, mas teria recusado, por considerar a proposta pouquíssimo ética (muito correto, o homem).
Verdade ou mentira? Lenda ou realidade? Nunca saberemos. O fato é que o responsável por trazer Jeannie & Cia Ltda. à vida foi o renomado novelista Sidney Sheldon. Ele mesmo! Aquele cujos romances você encontra a preços baratinhos nas Americanas ou na Livraria Saraiva nas prateleiras de autores internacionais. Com uma sólida carreira como escritor, com grandes êxitos em musicais da Broadway, e o sucesso de The Patty Duke Show, série televisiva que produzia e escrevia, Sheldon revelou-se uma opção muito adequada para criar o show que a NBC ambicionava.
Para enfrentar a doce feiticeira da ABC, Sidney Sheldon decidiu escalar uma espevitada garota gênio, inspirado (direta ou indiretamente), contam as lendas da série, por um filme chamado The Brass Bottle ("Um gênio entrou lá em casa", na dublagem), de 1964, em que um arquiteto compra objetos antigos e, de uma velha garrafa, liberta um gênio gorducho e muito agradecido, ansioso para retribuir ao homem que o libertou. Curiosamente, uma jovem atriz chamada Barbara Eden interpretava a namorada do protagonista e, com ele, enfrentava poucas e boas por causa da "gratidão" do gênio.
Decidido o tema base, Sheldon se dedicou a desenvolver a história e, posteriormente, encontrar os atores que dariam vida aos personagens da série. Duas versões existem para a escolha de Barbara Eden:
1) O criador da série já teria visto, na atriz, a pessoa certa para viver sua garota gênio (provavelmente, se lembrava dela em The Brass Bottle, ainda que, no filme, ela interpretasse uma pessoa comum);
2) Após vários testes, com atrizes igualmente bonitas, mas todas morenas, já que, originalmente, Sidney Sheldon teria dito não querer uma atriz loira (possivelmente para evitar mais um motivo de comparação com A Feiticeira), Barbara Eden lhe teria sido indicada, e muito bem recomendada, e o escritor a contratou.
Qual história é a real? Também nunca se soube, oficialmente, já que tanto Sheldon e Barbara, em entrevistas sobre a série, só contam a história basicamente a partir da contratação da atriz. De qualquer forma, não importa: Barbara acabou se mostrando a pessoa ideal para fazer Jeannie saltar da imaginação de seu criador (e de sua garrafa) para o coração de milhares de fãs através das décadas!
Para o papel de Tony Nelson, o "sortudo" piloto da Força Aérea que encontraria a garrafa com Jeannie dentro, foi escalado o ator texano Larry Hagman, cuja carreira se resumia, à época, a participações em musicais e peças de teatro em Nova York e Dallas, pequenos papeis em filmes e escalações como convidado em séries médicas e novelas, em especial, pela rede CBS. Quando Sidney Sheldon o conheceu, viu nele, além do tipo físico, rapidez de reação e uma expressão corporal muito verdadeira, dois elementos que seriam essenciais para dar vida a um astronauta sempre metido em confusões e encrencas das mais variadas.
Contudo, antes de encontrar um gênio, Tony havia encontrado um amigo - um bocado volúvel e não muito honesto, mas grande companheiro. Para viver o também capitão Roger Healey, Sheldon escalou o comediante Bill Daily, já contratado da NBC, que vinha se destacando em aparições como convidado em sitcoms e outros programas de comédia da emissora. Nas palavras de Sidney Sheldon, Daily era como um "comediante de stand-up", cujas respostas ágeis e a espontaneidade em cena seriam determinantes para a dinâmica da série.
Por fim, para preencher o casting básico, toda história precisa de um antagonista. Jeannie é um Gênio teve o seu (ainda que de um jeito meio torto) na pessoa do psiquiatra Coronel Alfred Bellows, interpretado pelo veterano ator Hayden Horke, que, como uma espécie de Gladys Kravitz de Bewitched, vivia investigando Tony Nelson, certo de que havia alguma coisa muito estranha na casa - e na vida - do astronauta.
Com os personagens e os atores definidos, Sidney Sheldon começou a acertar os ponteiros para a produção da série, que seria gravada nos estúdios da Columbia e em outras locações hollywoodianas. Uma série ambientada em uma base da NASA, certamente, faria sucesso, em época de Guerra Fria e Corrida Espacial, além do elemento fantástico, que já havia provado sua popularidade em A Feiticeira.
Veio, então, a surpresa: num período em que todas as séries já estreavam produzidas em cores, os executivos da NBC determinaram que Jeannie fosse gravada em preto e branco! Sheldon ficou macho e foi pedir satisfações. Peitou os caras e perguntou*: Quanto custa essa bagaça? Eles disseram: 500 dólares por episódio, seu Sheldon. Ele devolveu: Pois eu pago essa miséria! Quero meu show em cores! Vai tá lotado de efeitos especiais e eu não quero isso em P&B, tão entendendo? A NBC cortou o barato: Gasta seu dinheiro não, Sheldão! Filma seu gênio assim e fim de papo. O que acontece é que os executivos não levavam fé que a série ia cair no gosto do povo e, provavelmente, "não faria nem pro cafezinho", como diz minha mãe. Isto é: não chegaria à segunda temporada.
Mesmo vencido, Sidney Sheldon foi adiante e as filmagens estavam para começar, mas não sem uma outra bomba.
Pouco depois de saber que a série tinha sido vendida, Barbara Eden, recém casada com o também ator Michael Ansara, ligou para Sidney Sheldon, dizendo: Chefinho, preciso falar contigo pra ontem! Tenho uma coisa muito séria pra te contar! Quando ela chegou à sala do produtor, ele disse, rindo: Qual foi, Barbara? Não vai me dizer que está grávida? E a atriz respondeu, toda alegre: Sim! E você vai ter que me substituir? Não é ótimo?.**
Interpretar uma garota gênio pouco vestida com a barriga crescendo devido à gestação seria ridículo! Impensável! Era o que Barbara pensava, era o que qualquer pessoa pensaria, né mesmo? Mas não Sidney Sheldon! O cara queria, porque queria, que seu show saísse do papel, e que Barbara fosse seu gênio, então, deu seu jeito: quando a barriga da atriz começasse a crescer, passariam a filmá-la em closes ou planos mais fechados (do busto para cima), reduziriam as cenas mais movimentadas e, o toque de mestre: encheriam a atriz de panos! Panos, panos por todos os lados, praticamente transformando Jeannie em uma verdadeira tenda árabe com pernas!
Resolvidos os probleminhas, foi dada a largada!
O que aconteceu depois? Você fica sabendo amanhã, em nosso próximo post!
Abração, e até!
*P.S.1: Esse diálogo foi livremente baseado nas informações oficiais, sem qualquer compromisso com a veracidade da cena.
**P.S.2: Esse também! Mas, certamente, ficou muito mais interessante! Hahahahahaha
Após tanto tempo presa em uma garrafa, um gênio tem muito pra conhecer... o que é muito melhor quando se tem companhia, né mesmo? |
Ainda que o promissor astronauta, perdido na ilha pelo insucesso de uma missão de testes, tenha libertado a gênio de seu "compromisso", não houve jeito: após providenciar um helicóptero para resgatá-lo, a esperta e apaixonada garota voltou para sua garrafa e deu um jeito de enfiá-la entre os pertences de Tony, para acompanhá-lo a sua casa, em uma mítica cidade chamada Cocoa Beach, em um mítico estado chamado Flórida. Desde então, a vida do jovem capitão - e de milhares de pessoas ao redor do mundo - nunca mais foi a mesma!
Mas esta história começou um pouco antes, em 1964. O sucesso de A Feiticeira (Bewitched), série produzida e exibida pela ABC abriu os olhos dos executivos da concorrente NBC para o novo filão que acabava de nascer: o de programas que misturavam elementos mágicos com a realidade norte-americana.
Jeannie é considerada, por muita gente, um plágio quase descarado de A Feiticeira por várias razões, e poderia ter sido ainda mais. Reza a lenda que Sol Saks, o criador de Bewitched, teria sido convidado pelos executivos da NBC para escrever a nova série, mas teria recusado, por considerar a proposta pouquíssimo ética (muito correto, o homem).
Sol Saks: quem criou uma bruxa de sucesso pode criar outra garota mágica, não é? |
Verdade ou mentira? Lenda ou realidade? Nunca saberemos. O fato é que o responsável por trazer Jeannie & Cia Ltda. à vida foi o renomado novelista Sidney Sheldon. Ele mesmo! Aquele cujos romances você encontra a preços baratinhos nas Americanas ou na Livraria Saraiva nas prateleiras de autores internacionais. Com uma sólida carreira como escritor, com grandes êxitos em musicais da Broadway, e o sucesso de The Patty Duke Show, série televisiva que produzia e escrevia, Sheldon revelou-se uma opção muito adequada para criar o show que a NBC ambicionava.
Sidney Sheldon: o famoso novelista que se tornou "pai de um gênio"! |
Para enfrentar a doce feiticeira da ABC, Sidney Sheldon decidiu escalar uma espevitada garota gênio, inspirado (direta ou indiretamente), contam as lendas da série, por um filme chamado The Brass Bottle ("Um gênio entrou lá em casa", na dublagem), de 1964, em que um arquiteto compra objetos antigos e, de uma velha garrafa, liberta um gênio gorducho e muito agradecido, ansioso para retribuir ao homem que o libertou. Curiosamente, uma jovem atriz chamada Barbara Eden interpretava a namorada do protagonista e, com ele, enfrentava poucas e boas por causa da "gratidão" do gênio.
Decidido o tema base, Sheldon se dedicou a desenvolver a história e, posteriormente, encontrar os atores que dariam vida aos personagens da série. Duas versões existem para a escolha de Barbara Eden:
1) O criador da série já teria visto, na atriz, a pessoa certa para viver sua garota gênio (provavelmente, se lembrava dela em The Brass Bottle, ainda que, no filme, ela interpretasse uma pessoa comum);
The Brass Bottle, de 1964: Barbara Eden, a futura Jeannie, atuava como coadjuvante em um filme sobre um gênio! |
2) Após vários testes, com atrizes igualmente bonitas, mas todas morenas, já que, originalmente, Sidney Sheldon teria dito não querer uma atriz loira (possivelmente para evitar mais um motivo de comparação com A Feiticeira), Barbara Eden lhe teria sido indicada, e muito bem recomendada, e o escritor a contratou.
A bela e jovem Barbara Eden: depois de contracenar com Elvis no cinema e "substituir" Marilyn Monroe na TV, só lhe faltava ter poderes mágicos! |
Qual história é a real? Também nunca se soube, oficialmente, já que tanto Sheldon e Barbara, em entrevistas sobre a série, só contam a história basicamente a partir da contratação da atriz. De qualquer forma, não importa: Barbara acabou se mostrando a pessoa ideal para fazer Jeannie saltar da imaginação de seu criador (e de sua garrafa) para o coração de milhares de fãs através das décadas!
Para o papel de Tony Nelson, o "sortudo" piloto da Força Aérea que encontraria a garrafa com Jeannie dentro, foi escalado o ator texano Larry Hagman, cuja carreira se resumia, à época, a participações em musicais e peças de teatro em Nova York e Dallas, pequenos papeis em filmes e escalações como convidado em séries médicas e novelas, em especial, pela rede CBS. Quando Sidney Sheldon o conheceu, viu nele, além do tipo físico, rapidez de reação e uma expressão corporal muito verdadeira, dois elementos que seriam essenciais para dar vida a um astronauta sempre metido em confusões e encrencas das mais variadas.
Após uma carreira sem muito destaque, Larry Hagman precisou "ir ao espaço", para estourar nas telinhas. |
Contudo, antes de encontrar um gênio, Tony havia encontrado um amigo - um bocado volúvel e não muito honesto, mas grande companheiro. Para viver o também capitão Roger Healey, Sheldon escalou o comediante Bill Daily, já contratado da NBC, que vinha se destacando em aparições como convidado em sitcoms e outros programas de comédia da emissora. Nas palavras de Sidney Sheldon, Daily era como um "comediante de stand-up", cujas respostas ágeis e a espontaneidade em cena seriam determinantes para a dinâmica da série.
Bill Daily, na pele de Roger Healey |
Por fim, para preencher o casting básico, toda história precisa de um antagonista. Jeannie é um Gênio teve o seu (ainda que de um jeito meio torto) na pessoa do psiquiatra Coronel Alfred Bellows, interpretado pelo veterano ator Hayden Horke, que, como uma espécie de Gladys Kravitz de Bewitched, vivia investigando Tony Nelson, certo de que havia alguma coisa muito estranha na casa - e na vida - do astronauta.
Dr. Bellows bem que tentava, mas não conseguia fazer Tony se dar mal... |
Vestindo seu chamativo uniforme laranja, desbravando o espaço sideral e chegando onde nenhum homem jamais esteve, ele... o fantástico Tooooooony Nelson! |
Veio, então, a surpresa: num período em que todas as séries já estreavam produzidas em cores, os executivos da NBC determinaram que Jeannie fosse gravada em preto e branco! Sheldon ficou macho e foi pedir satisfações. Peitou os caras e perguntou*: Quanto custa essa bagaça? Eles disseram: 500 dólares por episódio, seu Sheldon. Ele devolveu: Pois eu pago essa miséria! Quero meu show em cores! Vai tá lotado de efeitos especiais e eu não quero isso em P&B, tão entendendo? A NBC cortou o barato: Gasta seu dinheiro não, Sheldão! Filma seu gênio assim e fim de papo. O que acontece é que os executivos não levavam fé que a série ia cair no gosto do povo e, provavelmente, "não faria nem pro cafezinho", como diz minha mãe. Isto é: não chegaria à segunda temporada.
Mesmo vencido, Sidney Sheldon foi adiante e as filmagens estavam para começar, mas não sem uma outra bomba.
Pouco depois de saber que a série tinha sido vendida, Barbara Eden, recém casada com o também ator Michael Ansara, ligou para Sidney Sheldon, dizendo: Chefinho, preciso falar contigo pra ontem! Tenho uma coisa muito séria pra te contar! Quando ela chegou à sala do produtor, ele disse, rindo: Qual foi, Barbara? Não vai me dizer que está grávida? E a atriz respondeu, toda alegre: Sim! E você vai ter que me substituir? Não é ótimo?.**
Interpretar uma garota gênio pouco vestida com a barriga crescendo devido à gestação seria ridículo! Impensável! Era o que Barbara pensava, era o que qualquer pessoa pensaria, né mesmo? Mas não Sidney Sheldon! O cara queria, porque queria, que seu show saísse do papel, e que Barbara fosse seu gênio, então, deu seu jeito: quando a barriga da atriz começasse a crescer, passariam a filmá-la em closes ou planos mais fechados (do busto para cima), reduziriam as cenas mais movimentadas e, o toque de mestre: encheriam a atriz de panos! Panos, panos por todos os lados, praticamente transformando Jeannie em uma verdadeira tenda árabe com pernas!
Hmmm... Menos movimentos? Confere? Closes, muitos closes? Confere! Todo o estoque da fábrica de echarpes? Confere! Tudo OK! Vamo gravá! |
Resolvidos os probleminhas, foi dada a largada!
O que aconteceu depois? Você fica sabendo amanhã, em nosso próximo post!
Abração, e até!
*P.S.1: Esse diálogo foi livremente baseado nas informações oficiais, sem qualquer compromisso com a veracidade da cena.
**P.S.2: Esse também! Mas, certamente, ficou muito mais interessante! Hahahahahaha
Muito bom saber os bastidores de uma série. Principalmente se essa é a melhor de todas!
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