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sábado, 19 de setembro de 2015

Um programa verdadeiramente genial - Parte final

Alô, alô, barraqueiros!

Comemoramos ontem os 50 anos do gênio mais amado das sitcoms (e talvez de toda a história das séries de TV) e, hoje, fechamos essa série que, para mim, deu muito prazer de escrever e trazer para vocês!

Saiba um pouco mais da recepção a respeito dessa série que, há cinco décadas, enche de magia a vida de fãs de todas as idades por todo o mundo a partir de agora!

Vem comigo, que é hora de...

Jeannie é um Gênio!

Nascida na esteira de A Feiticeira, explorando uma realidade mítica e fantástica, com uma protagonista bela e loira, um elenco afiado e situações ágeis, leves e engraçadas, IDOJ tinha tudo para ser um estrondoso sucesso, já que seria, apenas, a segunda série a representar esse filão entre os shows de comédia exibidos nos Estados Unidos entre os anos 60 e 70.

Certo?
Nope!

O desinteresse que atingiu Bewitched com o passar dos anos (em especial após a saída de Dick York, o primeiro James) se jogou na cara da Jeannie, do Major Nelson e Cia já na temporada de estreia e, de certa forma, foi se confirmando no decorrer das cinco temporadas.

Pra vocês terem uma ideia, Jeannie NUNCA, JAMÁS, NEVER ficou entre as 10 séries mais assistidas nos EUA!!! Criditam?

Os maiores postos foram alguns dos mais baixos do Top 30! O melhor ano para Jeannie foi a temporada 4 (Imagina?), em que a série alcançou a posição 26! Na temporada de estreia, o programa só conseguiu o 28º lugar...

I Dream of Jeannie ficou no ar por cinco anos - o último dos 139 episódios foi exibido em 26 de maio de 1970. Curiosamente, tal como aconteceu com A Feiticeira, a história final não teve absolutamente nada de especial ou marcante, já que a notícia do cancelamento pegou a todos de surpresa. 

Em My Master, The Chili King ("Um Astronauta ao Molho de Pimenta", na dublagem), conhecemos Arvel, o primo "caipira" de Tony, com um longo histórico de se envolver em negócios furados e com absurdas chances de darem errado. O parente convence Jeannie a "financiar" seu novo negócio de molho picante (chili) e, para dar popularidade ao produto, coloca uma foto do Major Nelson nos rótulos. Como o astronauta não poderia ter sua imagem e seu nome associados a qualquer produto, já imaginam a dor de cabeça que esse "negócio familiar" provocou.

Jeannie e o primo de Tony, Arvel, interpretado pelo ator Gabriel Dell,
no episódio final da série, que foi, sem ter sido.

Com o final inesperado (e muito "blé", a meu ver) da série, cada um caçou seu rumo, apesar de ter sido impossível desassociar os atores de personagens tão emblemáticos.

O trio principal - Barbara, Larry e Bill - continuou se dedicando à TV. Barbara Eden tentou produzir um show próprio, que não foi para frente e acabou fazendo diversos papeis em filmes e participações em séries. Nada muito grande ou vultuoso, em comparação com Jeannie. Bill chegou a ter personagens de destaque em sitcoms, como The Bob Newhart Show e Alf (que fez muito sucesso aqui no Brasil). Já Larry Hagman foi quem se deu melhor, ainda que tenha ficado preso entre dois grandes personagens: Major Nelson, de IDOJ, e o já mencionado J.R. Ewing, de Dallas. Hagman, aliás, entrou de cabeça nesse personagem, e, segundo se conta, sempre o preferiu a Tony Nelson.

No entanto, Jeannie voltaria a reunir os atores mais duas vezes (ainda que com certas ressalvas...).

Algo muito comum, até hoje, na indústria do entretenimento, decidiu-se que seria legal juntar outra vez o elenco da série em telefilmes - filmes produzidos exclusivamente (ou principalmente) para serem exibidos em televisão -, mostrando o que teria acontecido com os personagens tempos depois.

Em 20 de outubro de 1985, foi ao ar I Dream of Jeannie... Fifteen Years Later ("Jeannie é um Gênio... 15 Anos Depois"), que contou com Barbara Eden, reprisando seu famoso papel, Bill Daily, como o, agora, Coronel Healey, Hayden Rorke, interpretando Dr. Bellows em sua última aparição em filmes, e, como Tony Nelson... Wayne Rogers!

Jeannie e o Major Fake Nelson... ¬¬

Não estou ficando doido, nem errei a digitação, gente! Tony foi interpretado por outro ator!
A justificativa oficial era que Larry Hagman esta indisponível para as filmagens por estar gravando Dallas, à época. Rolou também história de dinheiro, em que teria sido proposto, para ele, um valor inferior ao que Barbara estaria ganhando e, por isso, o ator não teria aceitado, mas o que se acredita, mesmo que extraoficialmente, é que, de fato, Hagman estava fazendo de tudo para desvincular sua imagem do show, assim como Elizabeth Montgomery tentou, pelo resto da vida, sair da sombra de sua feiticeira Samantha Stephens. Aliás, falando nela, a direção de 15 Years Later ficou a cargo de William Asher, ex-marido de Liz Montgomery e principal produtor de A Feiticeira.

Nesse filme, não contamos com Emmaline Henry, a Sra. Bellows, falecida em outubro de 1979, mas conhecemos o rebento dos Nelson, Anthony Jr., o T.J., vivido pelo ator Mackenzie Astin.

As comparações foram inevitáveis (não tanto pelo lado positivo) e o filme foi razoavelmente bem recebido pela crítica, porque, provavelmente, acharam que depois de 15 anos, poderia ter sido pior.

Mas o pior aconteceu, seis anos depois, quando foi ao ar, em 20 de outubro de 1991 (Caramba! Eles gostaram dessa data, hein?), I Still Dream of Jeannie ("Jeannie É Ainda um Gênio", em Português). O telefilme sofreu com ainda mais baixas no cast, com a morte de Hayden Rorke, a falta - novamente - de Larry Hagman e a troca do ator que interpretou T.J. Nelson, agora vivido por Christopher Bolton. Só sobrou Bill Daily para fazer companhia a Barbara Eden, o que, claro, não foi suficiente para segurar o filme.

Acho que a produção é considerada tão desastrosa que, enquanto o 15 Anos Depois chegou a ser lançado em DVD (apenas nos Estados Unidos) em 1º de janeiro de 2013, do segundo telefilme não se tem o menor sinal.

O DVD do "15 Anos Depois", com Jeannie usando uma roupinha dourada,
feita especialmente para o filme.

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Gênio de casa não realiza desejos...

Apesar de ter alcançado o status de série clássica, com o passar dos anos, e permanecer viva no imaginário cultural dos americanos até hoje, Jeannie é um Gênio nunca foi um verdadeiro sucesso de audiência em seu país de origem, como vimos acima.

Curiosamente, isso não aconteceu no resto do mundo, nos inúmeros países onde a série chegou. Ainda nos anos 60, a série começou a viajar pelo planeta, indo aonde o "braço forte" do American Way of Life (and Laugh) pudesse levar, conhecendo e, de certa forma, se adaptando às mais diferentes culturas e realidades.

Por causa disso, a série recebeu diversos nomes (uns curiosos, outros bizaaaarros), mesmo onde só foi exibida com legendas. Afinal, mesmo que povo não tenha tradição de dublar, todo mundo tem direito a chamar a série em sua própria língua, né não?

E olha que pensar numa forma de reproduzir I Dream of Jeannie em qualquer outro idioma é uma tarefa no mínimo hercúlea! Literalmente, o nome da série quer dizer "Eu sonho de Jeannie". Faz sentido pra você? Pra mim, tampouco. O mais próximo (e correto ou aceitável) seria dizer "Eu sonho com Jeannie", que, em Inglês, poderia ficar I Dream About Jeannie. Coisa de maluco, né não?

Assim, nós tivemos adaptações bem suavezinhas, como Mi Bella Genio/"Minha Bela Gênio", para os países de língua hispânica, e a nossa Jeannie é um Gênio (que poderia ganhar um prêmio pela obviedade, mas acho que foi uma saída bem honrosa), às mais esdrúxulas, sem noção ou, no mínimo, curiosas, como Strega per amore/"Bruxa por amor", na Itália (Strega é bruxa, gente! Bruxa! A série de bruxa né essa não...), Bezaubernde Jeannie/"Glamourosa Jeannie", em alemão (Hahahahahaha!) e かわいいまじょ ジニー/"Bruxa Bonita Genny", em japonês (Bruxa de novo, gente?) e 我爱珍妮/"Eu amo Jenny", em chinês. Curiosamente, os franceses conseguiram o título mais aproximado, com Jinny de mes rêves/"Jeannie dos meus sonhos".

Veja, abaixo, como ficou a capa dos DVDs da primeira temporada em Português, Espanhol, Italiano e Alemão:

  

  

*Aliás, um adendo: Por mais estranho que possa parecer, I Dream of Jeannie não é um nome totalmente original. Em 1952, foi lançado um filme chamado I Dream of Jeanie (com um "n" só), baseado na vida e nas canções do compositor Stephen Foster, cuja canção Jeanie with the Light Brown Hair acabou dando o nome ao título. Foster também é o autor de Oh, Susannah, que também veio aqui para o Brasil e deu o nome da versão dublada do filme, que ficou "Oh, Susana... Uma Canção de Amor Eterno". Difícil, né?

Jeannie tem sido exibida em todo o mundo, desde sua época de estreia, com sucesso. Mesmo nos Estados Unidos, tem sido reprisada até hoje. A permanência do show no cotidiano - e no coração - das pessoas fez a Sony, através da Sony Pictures Home Entertainment, investir na disponibilização da série completa em DVD, primeiro para os Estados Unidos e depois para outras regiões. Entre março de 2006 e dezembro de 2008, foram lançados os boxes individuais de cada temporada, e em novembro de 2008, toda a série foi lançada em um único box (com relançamento em 2013).

Vale desabafar que, enquanto o box norte-americano veio cheio de graça, com uma garrafa da Jeannie envolvendo os CD's, aqui no Brasil, tivemos que nos contentar com uma caixa rosada e sem graça, com cinco capas plásticas comuns, como as de qualquer DVD.

É muita fuleiragem, viu?

O box dos States.

O box brasuca.

Se bem que, pelo menos, veio e, o que é melhor: com a dublagem original, sobre a qual vocês vão saber mais, a seguir!

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Um gênio no Brasil

A história de Jeannie é um Gênio em terras tupiniquins não é diferente do que aconteceu com a série pelo mundo afora: enquanto nunca chegou a ter grande audiência nos Estados Unidos, aqui no Brasil, a série foi um estouro, desde sua estreia. O interessante é que, apesar de originalmente rivais, IDOJ e A Feiticeira sempre andaram de braços dados na TV brasileira: onde quer que uma fosse exibida, a outra estava junto. Isso acabou, certamente, fortalecendo a lembrança das séries na memória afetiva das pessoas que, invariavelmente, assistiam e gostavam das duas, mesmo que tivessem sua preferida.

Jeannie estreou no Brasil na tela da antiga TV Paulista, hoje TV Globo São Paulo, em 1966. A emissora já exibia A Feiticeira e, a vinda do novo show trouxe êxito para as duas séries. Em 1968, a extinta TV Excelsior, que investia muito em programas de entretenimento, comprou os direitos de exibição da série e adquiriu, também, a segunda temporada, exibindo-a, com igual sucesso.

Com a Excelsior em crise, Jeannie foi para as telas da TV Record, sempre acompanhada de Bewitched. Foi a partir daí que o Brasil conheceu os três últimos anos da série. Com a tecnologia da transmissão em cores, a primeira temporada sumiu da televisão. Em 1975, a Globo comprou a série, novamente e a exibia à tarde, junto com outras séries do período, como A Noviça Voadora e Agente 86. Posteriormente, a TV Tupi, em seus momentos finais, chegou a exibir Jeannie, garantindo um respiro, antes de sua extinção.

Em 1983 ou 1984, a Band passou a ser a "casa" de Jeannie, que ficou no ar, mais ou menos, até 1991, quando saiu do ar (sempre junto de Bewitched). Nos anos 90, a televisão a cabo chegou ao Brasil, e foi uma emissora fechada, o Warner Channel, que voltou a exibir as duas séries, com uma novidade: os brasileiros puderam rever a temporada 1, de IDOJ, e os dois primeiros anos de A Feiticeira, que, por terem sido produzidos em P&B, haviam sumido das telinhas por mais de 20 anos. E mais: a dublagem original estava preservada! Apesar da surpresa, o canal avacalhou a exibição e muitos episódios não foram ao ar.

A questão só pareceu melhorar, de vez, quando a Sony investiu na colorização dos episódios em P&B de Jeannie e Bewitched, tornando-os atrativos à exibição. Em 1999, ano de sua inauguração, a RedeTV! comprou as séries e, devido ao grande sucesso, anunciou, em 2001, os episódios colorizados, como um grande novidade. A alegria durou até 2002, quando a emissora retirou, de uma vez, os dois programas do ar.

Posteriormente, a IDOJ passou pelos canais TCM e Rede 21, em 2004; Retro Channel, em 2005; Nickelodeon, em 2006; e, atualmente, é exibida em canais menores, nem sempre com alcance nacional.

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Jeannie fala Português

Uma das coisas que mas contribuiu para que a série caísse nas graças dos brasileiros foi, sem dúvida, sua dublagem. Se, hoje, em 2015, há muita gente que ainda não sabe Inglês (e, às vezes, nem o Português tão sabendo), imagine em 1966, quando a série chegou ao Brasil. Acrescente o fato de que, em TVs em preto e branco, as legendas não eram uma opção muito viável.

A tarefa de fazer Jeannie, Tony Nelson e Cia. Ltda. falarem nossa língua ficou a cargo da saudosa Arte Industrial Cinematográfica - São Paulo (ou AIC São Paulo, para os íntimos), que também imortalizou, em Português, A Feiticeira e tantas outras séries clássicas do período.

Mesmo não tão longa quanto Bewitched, que durou oito temporadas, Jeannie ficou no estúdio por muitos anos. Nesse tempo, vários dubladores passaram pela casa e, assim, mudanças na série foram inevitáveis. Como nem sempre era possível ter um exato dublador em estúdio, certos personagens tiveram mais de uma voz. Além disso, com tantas séries, filmes e outras produções dubladas simultaneamente, é muito comum ouvirmos várias vozes do time de dubladores da AIC se revezarem entre as produções.

Confira, abaixo, uma relação dos personagens e de suas vozes:

1ª Temporada:

Jeannie - Líria Marçal (única dubladora de Jeannie, em toda a série)
Anthony Nelson - Emerson Camargo
Roger Healey -  Sérgio Galvão (1º episódio) e Dráusio de Oliveira (até o fim da série)
Dr. Bellows - Older Cazarré (1ª voz), Osmano Cardoso (2ª voz) e Xandó Batista (até o fim da série)
General Peterson - Magno Marino (1ª voz) e Roberto Mendes (2ª voz)

Narrador de abertura - Ibrahim Barchini
Narrador do prólogo - Ribeiro Filho (1ª voz) e Antônio de Freitas (2ª voz)

Líria Marçal: a voz brasileira de Jeannie.

Emerson Camargo, o primeiro dublador do Major Nelson.

Dráusio de Oliveira foi a voz mais constante do Major Healey.

Xandó Batista, o principal dublador do Dr. Bellows.

2ª Temporada:

Nesta temporada, além das novidades técnicas e das mudanças nos próprios personagens, surge a personagem Amanda Bellows, que inicialmente pensada para aparições esporádicas, acabou ficando até o fim da série. A atriz Emmaline Henry foi "dividida" por duas irmãs: Elvira e Helena Samara, sendo esta a dubladora mais frequente. Helena é conhecida do grande público por ter dado voz a Endora, de A Feiticeira, e, mais recentemente, à atriz Angelines Fernandez, dos programas de Chespirito.

Duas grandes mudanças são sentidas: acompanhando a evolução da personagem, Líria Marçal deixa o tom mais romântico e grave, para Jeannie, e passa a dublá-la com voz mais aguda e expansiva. Por sua vez, Major Nelson ganha uma nova voz: sai Emerson Camargo, que havia deixado a AIC, e entra o ator Flávio Galvão, que dá a Larry Hagman uma voz mais empostada, de galã. Em minha opinião, a voz de Emerson era mais próxima da voz do ator.

A voz mais conhecida de Tony Nelson é do ator Flávio Galvão

O prólogo (uma introdução no início dos primeiros episódios, relembrando o início da história) deixou de existir ainda na temporada 1, e, nesta, deixou de haver narração de abertura. Houve narração apenas no nome dos episódios, feita por Carlos Alberto Vaccari ou pelo próprio Flávio Galvão.

O General Peterson, interpretado por Barton MacLaine, é dublado apenas por Magno Marino.


3ª Temporada:

Não há grandes modificações no elenco nesta temporada. Apenas o General Peterson tem seu dublador alterado: sai Magno Marino, entra José Miziara, em falsete.

As narrações do nome do episódio ficam por conta de Carlos Alberto Vaccari, Flávio Galvão e Francisco Borges.


4ª Temporada:

Nessa temporada, a série sofre uma grande perda: morre o ator Barton MacLaine, após participar de apenas quatro episódios. Para assumir o posto de autoridade máxima na base aérea de Cabo Kennedy, em nossa série, foi escolhido o ator Vinton Hayworth, interpretando o General Schaeffer, até o fim da série. O personagem, nesta temporada, teve dois dubladores: Eleu Salvador e João Ângelo.

As narrações dos episódios ficaram por conta de Carlos Alberto Vaccari e Francisco Borges.


5ª Temporada:

O último ano da série viu a consolidação de algumas vozes. Helena Samara passa a dublar sozinha a Sra. Bellows, com a saída de Elvira Samara da carreira de dublagem, e o General Schaeffer, após ter mais dois dubladores em episódios diferentes, Wilson Kiss e José Soares, recebe, de vez, a voz de João Ângelo, que já havia dublado o personagem na temporada anterior.

Helena Samara: entre duas bruxas - Endora e Dona Clotilde,
deu voz à Sra. Bellows.

Quanto à narração dos episódios, fica somente a voz de Carlos Alberto Vaccari, um dos mais lembrados narradores da AIC.

Os fãs da série com sua dublagem clássica têm uma sorte muito grande. Inúmeras produções dubladas entre os anos 50 e 70 não possuem mais a dublagem original, por diversas razões. Uma delas é o desgaste da banda sonora que vinha acoplada às fitas contendo os episódios das séries. Eram nelas que as dublagens eram gravadas. 

Com as exibições constantes, aliadas a falta de conservação e cuidado ao manusear (já que séries como Jeannie rodaram as TVs todas), essas bandas magnéticas se desgastavam, tornando inaudível o que estivesse gravado nelas.

É de comemorar que depois de sair do ar tantas vezes (especialmente a primeira temporada, que ficou quase 40 anos fora das telinhas) e passado por tantas situações desfavoráveis, Jeannie é um Gênio tenha perdido a dublagem de apenas 13, dos 139 episódios. O número é maior que os 4 desaparecidos de A Feiticeira, mas, ainda assim, é um número muito baixo, se considerarmos o tempo de dublagem da série. Os episódios cuja dublagem se perdeu foram disponibilizados, nos DVDs da Sony com áudio original e legendas em Português.

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Umas palavrinhas finais

Pois é, meu amigos! Chegamos ao final desta série especial em comemoração dos 50 anos de I Dream of Jeannie/Jeannie é um Gênio, uma série fantástica que conquistou o coração dos brasileiros e de fãs por todo o mundo.

É curioso pensar que, justo aquilo com que Jeannie mais sonhava - se casar com seu amo, o que aconteceu no episódio The Wedding ("Os Esponsais"), da última temporada - significou o fim da série, já que acabava com o mistério sobre a existência da personagem e, principalmente, com a "tensão amorosa" que havia entre os dois, regada por divertidos momentos de ciúmes insanos e romantismo devotado.

De qualquer forma, Jeannie se tornou o sonho de garota para muitos homens, despertou a curiosidade das mulheres e cativou o coração das crianças e idosos. Afinal, a garota deste programa é um sonho, um espetáculo, é muito viva... Jeannie é um Gênio! Torço para que muitas gerações possam conhecer uma série tão pouco pretensiosa, em vários aspectos, e, ao mesmo tempo tão mágica e tão especial!

Torço para que vocês tenham curtido esta série, perdoem os textos longos e continuem nos acompanhando nos próximos posts!

Para terminar, de presentinho para vocês, deixo uma imagem muito interessante:

Esta era a verdadeira garrafa de Jeannie!

Então, é isso aí!
Nos vemos na próxima!

Abração, e até!

Referências
Blog Universo AIC, de Marco Antonio dos Santos - principal fonte sobre a dublagem da série
Site Harpies Bizarre - sobre os intercâmbios de atores, cenários etc. entre Jeannie e A Feiticeira
Site InfanTV - com a listagem completa dos episódios da série
Site I Dream of Jeannie - sobre curiosidades, como o aniversário de Jeannie e o endereço dos Nelson
Site RetrôTV - sobre a dublagem da série
Wikipedia (em Inglês e Português) - informações básicas sobre a história da série

Imagens
Google

sexta-feira, 18 de setembro de 2015

Um programa verdadeiramente genial - Parte 3

Alô, alô, barraqueiros!

O Barraco do Leon está em festa!
Há 50 anos, neste dia 18 de setembro, Jeannie dava o ar de sua graça, cheia de charme e encantos, na tela da rede norte-americana NBC e ganhou o mundo! A vida do Major Nelson nunca mais foi a mesma, e a de milhares de fãs por todos os cantos também não!

Parabéns, Jeannie!

E para continuar nossa série comemorativa, vamos à parte 3, com mais curiosidades!
Tão prontos? Então, venham comigo, porque é hora de...

Jeannie é um Gênio!

3) Tudo em família - continuação

d) Se Jeannie tem três mãe, Tony tem ao menos uma!

Depois de conhecermos o pai de Jeannie e sua mãe (ou mães, ou sei lá), é de se esperar que os pais de Tony tenham aparecido na série, não é?

A resposta é sim, mas um sim meio pela metade. Nunca vimos o pai do astronauta, mas a mãe resolveu fazer uma visitinha (e não estava muito disposta a ir embora, hehe). E, pelo visto, a excentricidade não era atributo exclusivo dos parentes de Jeannie: a mãe do Major Nelson era bem fora da casinha. 

Já que não sabemos nada do pai, nós (e o Dr. Bellows) temos uma "leve" suspeita de qual lado da família Tony Nelson puxou...

A personagem apareceu no episódio Meet My Master's Mother, o sexto da terceira temporada, na pele da veterana atriz de teatro, cinema e TV Spring Byington.

Jeannie em: "Como tocar a sogra pra fora de casa em 30 lições"...

e) Quem tem parente em série, faz ponta!

Nos primeiro post desta série, contei que Barbara Eden se descobriu grávida pouco antes de as filmagens de I Dream of Jeannie (Tô cansado! Vou escrever só IDOJ daqui pra frente, OK? Hahaha) começarem. À época, Barbara estava casada com o primeiro marido, o também ator Michael Ansara, muito conhecido por suas participações em séries de TV (como o vilão Comandante Kang, em Star Trek/Jornada nas Estrelas, produzida mais ou menos no mesmo período).

Coincidentemente ou não, sendo esposo de Barbara, Ansara acabou aparecendo em Jeannie três vezes, em papeis diferentes. O primeiro deles foi, nada mais, nada menos que... o Blue Djinn, o sacana que tinha sido rejeitado por Jeannie e, como vingança, a tinha trancado na garrafa lilás, fazendo dela um gênio (pelo menos, enquanto não trocaram a história). O ator apareceu ainda como o rei Kamehameha, do Havaí, no episódio 15, da 3ª temporada, e como um oficial conquistador, o Major Biff Jellico, no episódio 12, do último ano da série, além de atacar como diretor do episódio 25, o penúltimo do show.

Do casamento, que durou de 1958 a 1974,  nasceu o único filho dos dois, Matthew, que tentou a vida artística e se envolveu também com o fisiculturismo amador. Tristemente, o rapaz foi encontrado morto, no próprio carro, por overdose de heroína, aos 35 anos.

Michael Ansara, Barbara e o filho Matthew

4) Um outro corpo para Jeannie

Se fazer dois papeis já é difícil para um ator ou atriz, imagine três!
Vocês viram, no post de ontem, que Barbara Eden topou o desafio de fazer a irmã e Jeannie, a partir da temporada 3, e depois a mãe, no 4º ano da série.

Apesar de ser um gênio no programa, na vida real, Barbara Eden teve que contar com a preciosa colaboração de uma dublê. Duas atrizes foram usadas na série: a atriz Evelyn Moriarty, sua stand-in de longa data (também dublê de Marylin Monroe, ó que chique?) e a atriz e cantora Lainie Nelson, que também atuou, no papel de um cantora (há!), na quarta temporada.

Evelyn Moriarty, dublê de beldades!

Lainie Nelson, como Jeannie, e Barbara Eden, como Jeannie II

As técnicas usadas para fazer Jeannie e sua irmã (ou a mãe) aparecerem na mesma cena eram, basicamente, as mesmas utilizadas em A Feiticeira, como falei neste post, mas a gente relembra:

1- Filmavam Barbara vestida como Jeannie, dizendo todas as falas, depois como Jeannie II ou a mãe, dizendo todas as falas, e, por fim, editavam a fita, encadeando as cenas como se fossem um diálogo;

2- Ou usavam a dublê, sempre filmada de costas, fazendo as vezes da personagem que não estivesse falando, enquanto Barbara interpretava a que estivesse sendo vista de frente.

Curiosamente, o chroma key, que permitia colocar as duas personagens vistas de frente, na mesma cena, não foi adotado em IDOJ, provavelmente por ser um recurso muito caro, razão pela qual foi utilizado poucas vezes em Bewitched, por exemplo.

5) Reciclagem genial (Nuss, que título horrível!)

Jeannie II dá pano pra manga - ou pra cabelo e pra roupa inteira.

Que Barbara Eden era (e ainda faz questão de ser, hahaha), todo mundo sabe. Então, obvia e claramente, para fazer a irmã de Jeannie, a atriz lançava mão de uma peruca de cabelos castanhos.

Todo mundo tá vendo, duh!

OK, OK, mas e quanto à roupa verde? Sabiam que ela foi "reciclada"?

No episódio My Poor Master, the Civilian ("Cidadão, Senhor Meu"), Tony recebe uma proposta de emprego civil e começa a pensar em como seria, caso aceitasse. Jeannie resolve dar uma espiadinha nesse "futuro alternativo" e fica morta de raiva quando vê seu querido amo se divertindo com duas belas secretárias. Em certo momento desse episódio, Jeannie aparece usando uma roupa... verde! Exatamente a mesma que uma certa irmãzinha sacana usaria na temporada seguinte!

Mas agora, cês caem pra trás!

Essa roupa foi usada também na primeira temporada! Só que o primeiro ano da série foi gravado em P&B e, na colorização da temporada feita nos anos 2000, os coloristas decidiram pintar o traje de vermelho, rosa e lilás, pra ficar mais parecido com a roupinha comum de Jeannie. Assim, como essa primeira aparição não foi vista originalmente em cores, a da terceira temporada ganha o posto de "primeira vez que vimos Jeannie usando roupa verde".

Desculpa, gente, mas não tá fácil pra ninguém!
Até gênio tá tendo que reaproveitar as roupas...

6) Soluções cabeludas

A moda mudou com o passar dos anos, e a gente percebe essa transformação em Jeannie é um gênio. De modo especial, a gente vê a mudança gritante nos figurinos civis de Jeannie, principalmente, e das outras mulheres, que deixaram de ser mais sérios e clássicos, ainda próximos aos modelos utilizados na década de 1950, e ficaram mais curtos, leves e coloridos, acompanhando a tendência mais liberalzona e descolada dos anos 60.

Figurinos comportados e sóbrios, como este...

... ou este, da temporada 1...

... deram lugar a roupas beeeeem mais atrevidinhas, a partir do segundo ano

Só que, como vocês viram acima, não foi só o figurino que mudou, o cabelo também!

Agora é que vem a curiosidade:

Barbara Eden tinha o cabelo comprido, e permaneceu com ele assim, durante muito tempo, até depois que a série acabou. Só que, em muitos episódios, principalmente no primeiro ano do programa, ela aparece...

Assim...

Assim...

... e até, assim!

Essa mudança capilar foi toda graças a... perucas!

Acessórios cabeludos como esses faziam, literalmente, a cabeça das mulheres, nos anos 60. A moda era muito comum entre as mulheres negras, mas compôs o visual de muita mocinha loira nos States.

Mas vocês tão pensando que só vamos fuçar a cabecinha loira de nossa gênio?

Mas é nem! Tony Nelson também tem seus "segredinhos" capilares, afinal, Larry Hagman, no decorrer da série, passou a lidar com um problema bem conhecido por muitos e muitos homens em todo o mundo: a temida calvície.

Em algumas das primeiras fotos promocionais realizadas para a primeira temporada, Larry Hagman aparece assim:

Nelson e seu cabelinho jogado pra trás...

Mas todos nós o conhecemos assim:

...Nelson e seu cabelinho jogado pra frente.

O truque para esconder as entradas se tornou mais pronunciado com o passar dos anos, à medida que os cabelos foram caindo.

Quando protagonizou a série Dallas, interpretando o inescrupuloso magnata do petróleo J.R. Ewing, Larry Hagman incorporou ao figurino os chapéus de cowboy, típicos do visual texano (curiosamente, o ator nasceu no Texas) e, posteriormente, começou a usar certas perucas parciais, chamadas, em Inglês, toupee, destinadas apenas a cobrir o exato lugar onde há falta de cabelo, e não toda a cabeça.

Larry Hagman mandando um alô, pra galera de cowboy...

... E observando tudo, bem de boas, com sua toupee

Após o fim de Dallas, (fim entre aspas, já que a série voltou em 2012), em 1991, nosso eterno Major Nelson chegou a ficar quase totalmente calvo:

Larry ficou assim...

Apesar de ter aparecido, em 2011, bem mais cabeludo...

... Mas também quis dar uma levantada no visual.

É, rapaz, tá achando que tá fácil pros galãs?

7) Sua cara não me é estranha...

As séries de TV foram responsáveis por dar visibilidade a muitos atores que vinham de teatro ou revelar novos talentos. Ídolos da música, esportes e artes também faziam suas pontas nos programas de TV. Como ainda hoje, participações especiais "agregavam valor" (ugh!) aos shows.

Como, em aparições desse tipo, os atores não estavam presos a contratos, apareciam em séries diferentes, quase que ao mesmo tempo. Em alguns casos, aparecer como convidado poderia abrir portar para um papel fixo - e de destaque!

Assim como Paul Linde e Bernard Fox, em A Feiticeira, apareceram primeiro interpretando personagens convidados e, posteriormente, ganharam papeis fixos no casting do show, Emmaline Henry, conhecida pelos fãs da série como a intrometida esposa do Dr. Bellows, Amanda, apareceu primeiro como convidada, em IDOJ, para, bem depois, conseguir seu lugarzinho fixo.

A atriz pode ser vista como Myrt, acompanhada de Bernard Fox, no papel de Arnie, no episódio Is There an Extra Genie in The House ("Bagdá, Mande Reforços"), da primeira temporada.

Bernard Fox, o Dr. Bombay, de A Feiticeira, e Emmaline Henry, em aparição especial...

... E com Hayden Rorke, a.k.a. Dr. Bellows, como sua esposa, Amanda.
Emmaline está desmaiada, digo, digo, atônita  com essa coincidência!

Aliás, o intercâmbio de atores entre Bewitched e Jeannie começou com o Major Healey. Em 1964, no primeiro episódio natalino de A Feiticeira, A Vision of Sugar Plums ("O Lado Bom da Ilusão"), como um homem que vai, com a esposa, receber um garotinho órfão em casa para o Natal. Algumas fontes costumam dizer que foi por essa participação que o ator chamou a atenção de Sidney Sheldon. 

Antes de ser Major Healey, Bill Daily fez uma ponta em A Feiticeira.

Já Paul Lynde, o famoso bruxo piadista Tio Arthur, apareceu três vezes em Jeannie, uma vez na temporada 2 e duas na terceira temporada.

Já Paul Lynde virou freguês e apareceu três vezes no show.

8) E sua casa também não!

Além de trocar atores, Jeannie e A Feiticeira também trocavam cenários!

Como os dois programas estavam entre os muitos produzidos pela Screen Gems, varias tomadas tinham locações em comum, como o Columbia Ranch e os Sunset Gower Studios. É por isso que você pode ver a frente da casa de Samantha e James como a da residência dos Bellows, e a cozinha do Major Nelson (isso fica mais claro nas temporadas em cores) é a mesma da casa de Larry e Louise Tate, chefes de James.

No site Harpies Bizarre, um dos melhores sobre A Feiticeira, há vários exemplos de como cenários, objetos, figurinos e, até, scripts foram compartilhados entre as duas séries (e até outras)!

O rancho da Columbia permanece de pé e ativo, ainda hoje. Por isso, olhares atentos certamente perceberam locações de Cocoa Beach ou de Morning Glory Circle em séries como Friends ou My Wife and Kids (no Brasil, "Eu, a Patroa e as Crianças"). Se não viu, vale a pena procurar esses easter eggs!

9) Onde o senhor mora, mesmo?

Que o Major Nelson mora em Cocoa Beach, todo mundo sabe. Mas e o endereço correto do nosso astronauta e sua garota gênio, vocês sabem?

No decorrer da série, já foi dito que a casa ficava em Palm Drive, 1020; Palm, 1020; Palm, 820; e Pine, 811! Dá pra acreditar? Dr. Bellows ficaria acharia muito, muito estranho...

Para todos os efeitos, os fãs passaram a adotar o endereço Palm Drive, 1020, Cocoa Beach como o refúgio do Major Nelson.

10) Dois aniversários para uma só gênio!

A vida de Jeannie é cheia de situações curiosas e, muitas vezes, uma história tem dois, três, muitos lados.

Com o aniversário de nossa garota gênio favorita, essa história se repete. Na primeira temporada, quando Jeannie resolve se alistar na Força Aérea, pensando que conseguiria ficar perto de seu amo todo o tempo, ela informa que nasceu em 1° de julho de 21 a.C.

Na fase em cores, nossa gêniazinha desenvolver uma curiosa amnésia e, muito tristonha, mobiliza Tony e Roger para descobrir quando é seu aniversário.

Depois de quatro episódios (caramba!), descobrimos que Jeannie veio ao mundo em 64 a.C. e assopra suas velinhas em 1° de abril. Conveniente, hein?

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Com tanta história para contar, como será que IDOJ foi recebida pela crítica e pelo público?

Quando - e como - Jeannie aprendeu a falar Português?

Em que outros cantos do mundo nossa gêniazinha já deu o ar da graça?

É o que você vai descobrir no post final desta série, amanhã!

Abração, e até!

quinta-feira, 17 de setembro de 2015

Um programa verdadeiramente genial - Parte 2

Alô, alô, barraqueiros!

O que acharam do primeiro post nesta nova série comemorativa?

Então, vamos ao que interessa?
Se ajeita aí na poltrona, pega os petiscos e a bebidinha e não desprega os olhos dessa tela porque é hora de...

Jeannie é um Gênio!

As filmagens começaram em 1965 e, em 18 de setembro, como falei no post anterior, a série estreou. Durante os cinco anos em que a série ficou no ar, muita coisa aconteceu - na história e nos bastidores. É isso que vamos contar, no post de hoje, em uma lista de curiosidades!

1) A temporada em preto e branco (Só para relembrar)
Para começar do começo porque começar do final seria muito zoado, trago de novo, rapidinho essa questão. Como vocês viram, Sidney Sheldon estava doido pra que sua garota gênio estreasse cheia de graça, beleza, pouca roupa e em cores, muitas cores. Por sovinice e avareza um instinto dos executivos da NBC, Sheldão, digo, digo, Sidney Sheldon teve que engolir em seco e produzir a temporada inicial no bom e velho P&B, mesmo, que deixou o produto mais barato, mas, na visão do produtor, era muito menos atraente e deixava a série para trás, já que todas as séries naquele ano (até estreantes), em sua maioria, estavam sendo filmadas em cores.

Jeannie só foi vista em todo o seu esplendor dourado, de rosa e vermelho, em 1966, quando, contrariando o "instinto" da NBC (olhaí, bem feito!), a série foi renovada para o segundo ano.

2) Confusões de uma série em P&B
Com o primeiro ano filmado em preto e branco, algumas coisas eram diferentes e tiveram que ser adaptadas ou refeitas quando as cores chegaram ao programa. Outros fatos causaram surpresa aos telespectadores da época (e ainda hoje). Confira!

a) Um gênio, várias garrafas
Um dos objetos mais icônicos das séries de TV, a garrafa exótica e chamativa de nossa garota gênio ganhou fama e se tornou objeto de desejo para muita gente (mesmo que não venha com gênio algum dentro). Quem já leu sobre a o programa, conhece, basicamente, a história, mas a gente conta assim mesmo, com mais detalhes, para quem não está por dentro.

Durante muito tempo, correu a informação que o crédito pela descoberta da garrafa era de Sidney Sheldon, que teria recebido o objeto, uma embalagem de licor Bourbon Beam's Choice, da Jim Beam, numa edição especial natalina, em 1964, e considerado a garrafa perfeita para ser a casa de seu gênio.

A "casa" de Jeannie: nunca uma garrafa de licor chegou em tão boa hora...

Só que, como tudo que aconteceu há muito tempo acaba envolto em certos mistérios, o departamento de arte da Screen Gems (a companhia produtora da série) também disputa o mérito da descoberta, além de Gene Nelson, diretor do programa na primeira temporada, que teria encontrado a garrafa em uma loja de bebidas e a teria comprado para Sidney Sheldon.

Como, no primeiro ano, os telespectadores não iriam ver a cor da garrafa, o departamento de arte só tirou o rótulo, aplicou um verniz fosco e pintou umas folhas e detalhes dourados, para dar uma aparência oriental e envelhecida. Isso mesmo! A garrafa da Jeannie, no começo, era verde! Verde escura, quase marrom, mas verde, gente!

Na primeira temporada, a garrafa era assim...

A partir da segunda temporada, para aproveitar a chegada das cores de todas as formas possíveis, a garrafa se tornou lilás, com a decoração carnavalesca que conhecemos hoje.

... e sofreu uma senhora reforma, quando a série ganhou cores!

Um detalhezinho que pode ter passado batido pra muita gente: a garrafa passou parte da primeira temporada (se não toda ela) com uma tampa avulsa! Logo no primeiro episódio, quando Tony a garrafa e esta começa a fumegar, ele a joga no chão, e Jeannie sai. Posteriormente, Jeannie volta para ela, e a esconde nos pertences de Tony, para ir com ele para Cocoa Beach, mas a garrafa está destampada! Só quando precisa evitar que a gênio saia e bagunce as coisas enquanto o cast inteiro do primeiro episódio está entrando e saindo de sua casa é que o astronauta pega uma tampa qualquer, comprida e transparente (ou branca), e fecha a garrafa.

Apenas no episódio de estreia da temporada seguinte, em que Jeannie volta à praia para relembrar seu "aniversário de libertação", é que a garrafa volta a ficar completa (e, agora, colorida).

Cópias da garrafa 1, com a tampa improvisada, e da garrafa 2, completinha.

Várias garrafas foram usadas na série, durante os cinco anos de produção, criadas e decoradas a partir da original. Algumas, especificamente para os efeitos especiais, outras para o manuseio dos atores, outras ainda para compor o cenário e algumas reservas. Diz-se que apenas Barbara foi espera o suficiente para ficar com uma (ou mais de uma) das originais. Nem Larry Hagman teve sorte. Anos depois, mandou fazer uma cópia fiel para si como prêmio de consolação, para guardar como lembrança.

Além disso, todos os gênios tiveram suas garrafas inspiradas na da protagonista, sendo, apenas, adaptadas às características de seus donos: a do perverso Blue Djinn era azul e mais sóbria, como o personagem, e a de Jeannie Segunda, a interesseira irmã de Jeannie, verde e glamourosa, para combinar com ela.

A exuberante garrafa verde da irmã perversa...
... e a do malvado gênio azul, que teria prendido Jeannie em sua garrafa.

Finalmente, nos filmes-reunião feitos após a série, novas garrafas foram produzidas, com pintura sensivelmente distinta das originais.

b) Mesma profissão, roupas diferentes?
Tony Nelson e Roger Healey, além de amigos inseparáveis, trabalhavam juntos em uma base da Força Aérea Norte-Americana em Cabo Kennedy, Flórida. Oficiais militares andam uniformizados, confere? E, tirando as identificações de patentes ou cargos, o uniforme costuma ser o mesmo, certo? Não necessariamente.

Quando a série ganhou cores, uma dúvida surgiu gritando para os telespectadores: por que raios o (já promovido) major Healey usa verde, enquanto o (também) major Nelson veste azul?

A razão, apesar de nunca ter sido explicada oficialmente, nem na série, nem nos telefilmes que vieram depois, é o fato de Roger Healey, apesar de trabalhar no programa espacial, ser membro das Forças Armadas, cujos uniformes são verdes, enquanto Anthony Nelson pertencia à Força Aérea e, por isso, vestia azul, como Dr. Bellows e os Generais Peterson e Schaeffer. Como vemos, Roger era minoria no pedaço!

O "Mistério dos Uniformes": mais um caso resolvido com sucesso!

Curiosamente, na versão colorizada do primeiro episódio da série, vemos os superiores e colegas de Tony vestindo uniformes bege, os chamados "uniformes de verão" (não utilizados mais, hoje, aparentemente), em lugar do tradicional azul escuro/marinho.

c) Um começo, não tão começo assim
A segunda temporada de Jeannie começou trazendo a novidade das cores e seu primeiro episódio trazia Jeannie levando Tony à praia onde os dois se conheceram, para uma romântica comemoração desse "aniversário", subitamente arruinada pelo malvado gênio azul Blue Djinn.

Blue Djinn aparece para quebrar o clima.

Muito normal, até lógico, iniciar uma nova temporada com um gancho tão significativo para a história. Ocorre que Happy Anniversary ("Há gênios e gênios", na versão em Português), exibido em 12 de setembro de 1966, não foi o primeiro episódio a ser filmado em cores, mas, sim, The Fastest Gun in The East ("Gatilho Relâmpago", na dublagem), gravado em 27 de janeiro, mas exibido como o sétimo da nova temporada.

*Uma notinha extra, antes do próximo tópico:
Segundo consta, o episódio I'll Never Forget What's Her Name ("Jeannie Será Sempre Jeannie"), que encerra a temporada 1, foi preparado para ser o último da série, dadas as chances de cancelamento do show. O que não aconteceu, como vimos acima chupa, NBC!

3) Tudo em família

a) Jeannie é um gênio, todo mundo sabe. Mas Jeannie sempre foi um gênio?

Essa é uma questão com respostas diferentes.

Jeannie e a falsiane, digo, digo, o Blue Djinn.

Na primeira temporada, quando conta para Tony a razão de ter sido aprisionada na garrafa, Jeannie revela que foi colocada ali pelo Blue Djinn (olha ele aí de novo), como castigo por não ter aceitado se casar com ele. Além disso, quando aparecem seus parentes (mais notavelmente, a mãe e um de seus ancestrais), por mais esquisitos que sejam, são apenas humanos comuns.

Tudo resolvido? Na-na-ni-na-não!

Na terceira temporada, o continuísta deve ter jogado a toalha, porque começou a avacalhação. Decidiu-se que Jeannie teria nascido um gênio e que todos os seus parentes, incluindo a mãe, também teriam poderes mágicos.

b) Conheçam minha irmãzinha... Jeannie!
É nesta temporada que conhecemos a irmã de Jeannie, também chamada... Jeannie (mas todo mundo convencionou nomeá-la Jeannie Segunda, ou Jeannie II, pra facilitar). Aliás, todas as irmãs de Jeannie se chamam Jeannie. Tony Nelson até perguntou se não rolava confusão na família, com tanta garota gênio com o mesmo nome. Sabem o que Jeannie respondeu: que não rolava, porque todo mundo se conhecia! É mole?

Jeannie e sua irmã... Jeannie! Tãaaao original... hahahaha!

Morena e vestida em uma cópia quase idêntica do traje de sua irmã, só que verde, essa Jeannie chegou para passar o rodo... no Major Nelson. Sem qualquer amor fraternal, Jeannie II não tem a menor cerimônia em colocar a irmã em apuros para tentar lhe roubar o amo.

Aliás, com a chegada de Jeannie 2.0, a série ganhou mais um elemento de comparação com A Feiticeira: a parente morena quase gêmea da protagonista, que é loira (e que muitas vezes toma o lugar da outra, por bem ou por sacanagem).

Quem viu o segundo post da série comemorativa dos 50 anos de A Feiticeira (clique aqui) sabe que, para Elizabeth Montgomery, interpretar Serena, a prima louca de Samantha, foi uma espécie de "libertação", já que poderia usar sensualidade, ser mais espontânea e não ficar presa ao formato de personagem boazinha, de princípios, boa esposa e boa mãe.

Sam e Serena: a loira e a morena da série concorrente.

Sabe-se que Barbara gostou de interpretar a "gêmea" malvada, uma boa oportunidade para mostrar sua interpretação em uma outra linha de personagem, muito distinta da esperta, mas inocente, boazinha e influenciável Jeannie, que também mudou um pouco, com o passar das temporadas.

Não se engane, que, de boazinha, essa garota só tem a cara!

No início, a personagem foi apresentada mais como uma garota, uma adolescente brincalhona, sem muitos limites, que só queria curtir, apesar dos figurinos mais sóbrios e classudos, quando se passava por uma mulher comum e do ar mais romântico da série naquela temporada.

A partir da segunda temporada, passou a ser mais possessiva e ciumenta, mais mulher, apesar dos figurinos mais curtos e chamativos, típicos dos anos 60. Ainda assim, sua ingenuidade permaneceu (e foi constantemente posta à prova pela irmã traíra, hehehe).

c) Uma só mãe, muitas caras
Ver Barbara Eden fazendo papel duplo é algo interessante, não?
Imagine em papel triplo!

Pois é, na quarta temporada, resolveram apresentar a mãe de nossa garota gênio em alguns episódios. Além de mudarem o status da veneranda senhora (que ela não me leia) - de humana para gênio -, decidiram mudar a cara da personagem pela terceira vez e colocar Barbara Eden fazendo mãe e filhas!

Tony conheceu os pais de seu gênio rapidamente no episódio 2, da primeira temporada, My Hero ("Mercado Persa", na dublagem). Aqui, Sra. Mamãe-da-Jeannie foi interpretada pela atriz Florence Sundstrom, mas, como não apareceu muito, pode ter passado batida.

Conheça mamãe - versão 1...

E temos o pai de Jeannie, aqui vivido pelo ator Henry Corden, que nunca mais deu as caras na série. Ele é que conta que Jeannie foi transformada em gênio pelo Blue Djinnn por não ter aceitado se casar com ele.

... e conheça papai também!

Ainda na primeira temporada, mommy shows up again! No episódio What House Across The Street? ("Casa ou Não Casa?"), em que Jeannie quer provocar ciúmes em Tony e finge ser uma garota rica, para agradar Roger e fazê-lo propor casamento, Jeannie chama a mãe, para lhe pedir conselhos. A personagem é vivida por Lurene Tuttle, e aqui aparece bem, com boas cenas e várias falas. E, mesmo não sendo um gênio (ainda), lida naturalmente com os atributos mágicos da filha.

Curiosamente, com uma nova mãe, a história é, também "resetada": dona Mãe-da-Jeannie parece ter se esquecido que já tinha conhecido Tony, pois a filha tem que contar, novamente, com ares de novidade, sobre seu amo astronauta, "o que voa pelos céus".

Mãe nova, história velha...

Por fim, quando mamãe apareceu de novo, sabe-se lá por que cargas d'água, não chamaram qualquer uma das atrizes e, no episódio Jeannie and The Wild Pipchicks ("Guloseimas Geniais"), Barbara Eden, de peruca grisalha, óculos e roupas mais comportadas assumiu o papel.

Além disso, a personagem, que nunca havia mostrado qualquer desagrado muito sério a respeito de Tony, passa a usar todas as oportunidades que lhe aparecem (ou nas quais ela aparece) para ferrar com a vida do astronauta. Já sabemos a quem Jeannie Segunda puxou...

Faço a Jeannie, a irmã da Jeannie, a mãe da Jeannie,
e se reclamar, apareço de avó!
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Este post está terminando, mas as curiosidades ainda não!
Ficou curioso?
Saiba mais, amanhã, no próximo post desta série!

Abração, e até!