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sexta-feira, 6 de março de 2015

Episódios "perdidos" de A Feiticeira - parte 1

Alô, alô, barraqueiros!

Como estão todos? Tudo tranquilo?

No post de hoje, queria trazer um pouquinho das minhas incursões no mundo das fanfics.

Se alguém aí não faz ideia do que estou falando, não precisa se desesperar, que eu explico!

Fanfic é uma abreviatura da expressão em Inglês fanfiction - traduzindo: é uma [obra de] ficção criada por fãs. Sacou o negrito nas palavras? Hein, hein?

Mas, fãs de quê?

Fãs de qualquer coisa! Hahahahaha

Pelo que sei, aqui no Brasil, aficionados por séries como Star Trek (para os brazucas "Jornada nas Estrelas") já criavam histórias com os personagens e compartilhavam entre si através de fanzines, nas reuniões, encontros e convenções de fãs, mas, de fato, a internet é que veio dar gás e espaço a essa leva de escritores e suas histórias, digamos, "extraoficiais".

O sucesso é tão grande, que alguns ficwriters - como são chamados os escritores - têm legiões de fãs, que além de permanecerem fieis às histórias devido ao carinho pelos personagens e a produção que lhes deram origem, continuam lendo, indicam e incentivam a leitura por causa dos autores!

Então, como escrever faz parte, alguns anos atrás, também me testei como escritor de fanfics. Como, normalmente, as pessoas escrevem sobre algo com que tenham afinidade, me juntei a um amigo que compartilhava comigo a admiração pela série clássica A Feiticeira e resolvemos iniciar um projeto meio "ousado", um bocado petulante, talvez: escrever "roteiros" de possíveis episódios da série, explorando situações e personagens de maneiras que não haviam sido feitas no programa.

A vida é muito camaleoa, gosta de pegar a gente de surpresa, e a própria internet é "caixa de Pandora". Moral da história: nós fomos, juntos, até a quarta fanfic e paramos. Bem, na verdade, a quarta eu escrevi sozinho, mas...

Os leitores diziam que a gente levava jeito, que as histórias, de fato, pareciam se transformar em episódios originais na mente das pessoas. Eu, pelo menos, ficava contente demais, quando lia os comentários... Parecia que a gente estava no caminho certo, e que estávamos alcançando nosso objetivo: entreter, preservar a memória e homenagear nossa série preferida!

Publicamos primeiro no finado Orkut, depois eu levei os textos para um portal de fanfics chamado Nyah! Fanfiction, que era cheio de gente boa, escrevendo sobre tudo que você pode imaginar, mas depois, acabei saindo do site, e as histórias foram apagadas.

Agora que tenho, novamente, meu cantinho, divido com vocês a primeira das Fanfics A Feiticeira!


*A história se passa na metade da segunda temporada.

Manhã na casa dos Stephens, Samantha está na cozinha, às voltas com panelas, xícaras e mamadeiras de Tabatha. Uma chaleira está no fogão.

_ Ooooouh, - lamenta Samantha – Tabatha tinha que amanhecer resfriada justo hoje, quando pretendia levá-la para ver James na cidade?
Sam, pega uma das mamadeiras, enche de leite e, quando vai pô-la para esquentar, ouve uma voz familiar, dizendo em tom de deboche:
_ O que está fazendo ENFURNADA nessa cozinha? Se não tomar cuidado, vou acabar confundindo você com o bule de café! - Tio Arthur morre de rir, e completa: _ Ou então com a vassoura, quem sabe? - e continua rindo
_ Oooouh, Tio Arthur! Hoje não estou com tempo para suas piadas! - responde Sam, com expressão zangada.
Tio Arthur aparece, enfim, com expressão desgostosa, torcendo a boca.
_ Ora, Sammy... Pare de ser tão estraga-prazeres! Você está parecendo uma criança de doze anos! - retruca Tio Arthur, olhando para as mãos.
De súbito, levanta o olhar, com expressão marota e diz:
_ Talvez você precise se divertir um pouquinho mais para deixar de reclamar tanto!
Tio Arthur levanta os braços e recita:
 ''Cantes... reviços.. maranos..., que essa atarefada feiticeira imediatamente volte aos seus 12 anos!''
Após uma nuvem de fumaça, Sam olha para suas pequenas pernas e seus pequenos braços, e, perplexa, exclama: _ Tio Arthur!!!
Tio Arthur ri, com seu jeito muito próprio, enquanto Sam, desesperada, pergunta:
_ Tio Arthur, que brincadeira é essa?!''
_ Talvez com 12 anos você fique menos ranzinza e mais divertida, Sammy. – responde o tio, com uma expressão crítica.
Sam, desesperada, começa a apalpar seu novo corpo de criança, a cabeça, os braços, totalmente perplexa.
_ Francamente, Tio Arthur! Eu estou cheia de problemas e olha como você me ajuda, levando-me de volta aos meus 12 anos? Acabe já com isso! Preciso esquentar a mamadeira de Tabatha! Ande logo!
_ Acho que não, Sammy... – Tio Arthur responde, soltando uma grande gargalhada e sumindo num piscar de olhos, antes de Samantha poder fazer qualquer coisa.
_ Tio Arthur, volte já aqui! – grita Samantha.
_ Tio Arthur!?... Tio Arthur!?... Oooooooouhh...

A câmera foca a carinha desolada da pequena Samantha. Corta para a abertura da série.

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Sam, desesperada, se olha no espelho, e constata: Tabatha está lá em cima, no quarto, James no trabalho e ela, sozinha em casa, atarefada e, como criança, não pode fazer nada!
A campainha toca
_ Estou na cozinha, diz Samantha automaticamente, meio sem pensar em sua situação.
Como a porta da frente está aberta, Gladys Kravitz já entra dizendo:
_ Alô, Sra. Stephens, não queria incomodá-la, mas, gostaria de pedir uma xícara de açúcar emprestada...
Sam, automaticamente, vem para a sala pelo corredorzinho do e fala, em seu tom de voz gentil:
_ Alô, Sra. Kravitz, não é incômodo algum!
Gladys Kravitz grita e sai correndo, gritando: _ Abneeeeeer! Abneeeeer!
E a câmera se foca em Samantha, que leva a mão à testa, lamentando: _ Oh... Mais essa agora!

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Sala de estar dos Kravitz. Abner está deitado no sofá, tentando ler o jornal, quando chega Gladys gritando:
_ Abner, há uma menina na casa dos Stephens com a voz idêntica à de Samantha!''
Abner responde chateado: _ Gladys, o que foi agora?
_ Eu estou falando, há uma criança na casa dos Stephens! – responde Gladys. _ É estranha... Mas ao mesmo tempo é estranhamente familiar! – Gladys fala, mais para si mesma que para o marido.
Abner se levanta, tira o cachimbo da boca e responde em monotonamente:
_ Ora, Gladys, é normal que tenha uma criança lá. Também é normal que seja familiar, já que é filha deles! – e volta a se deitar.
Gladys insiste: _ Não, Abner! Não é o bebê... É uma garotinha, de uns doze anos, que tem a voz de Samantha Stephens! Abner, escute! Há algo errado por lá!
_ A única coisa errada é você, Gladys! - o marido retruca e volta a descansar, ao que Gladys responde com um muxoxo.

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Corte para a casa dos Stephens.
Samantha está desesperada, andando de um lado para o outro na sala de estar. De vez em quando ela grita, implorando: “Tio Arthur! Tio Arthur! Apareça, vamos! Deixe de suas brincadeiras...”, mas nada funciona: o tio não aparece. Então, ela grita:
_ Mamaaaaaaaaaaaae!!! Mamaaaaaaaaae!!!
Endora chega pela cozinha, onde imaginava que a filha estaria, com sua habitual efusividade:
_ Alô, Samantha!
_ Oh, mamãe, graças a Deus você apareceu! - lamenta a pequena Samantha.
_ Eh... Samantha? Onde você está?
_ Na sala, mamãe!
Endora desaparece da cozinha e aparece na sala, e vê, atônita, uma garotinha loira de doze anos, de vestido verde, sapatinhos pretos e meias brancas, com duas fitinhas rosas no cabelo, e uma expressão desolada no rosto.
_ Oh, Samantha! – exclama Endora espantada. _ Quer me dizer o que aconteceu a você?
_ Oh, mamãe, foi o Tio Arthur! Veja o que ele fez comigo! – lamenta a garota, toda chorosa. _ E agora, me diga o que eu vou fazer! Ora, essa... Ora essa! – e se vira para frente, pensativa.
Endora chega por trás e diz, rindo:
_ Sabe que é até muito bonitinho vê-la assim, depois de tanto tempo? – e dá uma longa risada. _ Ah, Samantha... Quantas saudades de minha filhinha, quando ainda era só uma garotinha... – e chegando em frente da pequena Samantha, se abaixa e diz:
_ Lembra-se de quando moramos no Tibet, Samantha? Você deveria aparentar justamente essa idade! – completa Endora, com um ar saudoso de aprovação.
_ Ouuuuh! Mamãe! Isso é hora para recordar coisas passadas? – diz Sam, aborrecida. _ Eu estou presa nessa idade, sem poder fazer qualquer coisa útil! Tabatha está resfriada, James está no trabalho e eu aqui sem altura nem para alcançar a prateleira da geladeira! Dessa vez, Tio Arthur exagerou na brincadeira... Ooouuuuh, quando eu estiver de volta ao meu estado normal, ele vai ver só uma coisa!
_ Acalme-se, Samantha! Não há motivo para pânico... Se bem que... Eu gostaria muito de ver a cara de Jônatas quando a visse nesse estado... – diz Endora, com expressão marota.
_ Oh, mamãe! – responde Sam, com desaprovação.
_ Não se preocupe, Samantha, vou procurar seu Tio Arthur e estarei de volta num instante! – diz Endora, erguendo os braços ritmadamente e desaparecendo em uma nuvem de fumaça verde.
_ Mas mamã... – lamenta Sam. – ... Como é que eu vou esquentar a mamadeira de Tabatha?
A campainha toca novamente.
_ Oh, minhas estrelas! Será que todos deixaram pra me visitar justo hoje?
A pequena Samantha abre a porta e Gladys vai entrando e dizendo:
_ Escute aqui, garotinha, ou seja lá quem você for. Eu sempre soube que havia algo de muito estranho nessa casa, e agora quero saber o que é!
_ Ma-ma-mas, Sra. Kravitz, não há nada de errado aqui! – a garota, ainda com a voz de Samantha adulta tenta despistar.
_ E como você me explica uma menina de 12 anos como você ter a voz de Samantha Stephens, hã? – retruca Gladys Kravitz com cara de “te peguei!”.
Pensando rápido, Samantha responde com uma vozinha fina:
_ É que sou boa em imitações... - diz, entre risos, e continua - Prazer, Sra. Kravitz, sou Linda, sobrinha da Sra. e do Sr. Stephens... - e estende a mão para Gladys.
A vizinha se assusta um pouco e pergunta, recuando:
_ Mas, mas como você sabe meu nome, se nunca nos vimos antes?
_ Bem, Sra. Kravitz, minha tia me contou sobre a senhora... Sabe, ela acha que a senhora é uma vizinha muito boa e prestativa. - responde a garota, com uma carinha angelical, acima de qualquer suspeita.
Gladys abre a guarda, dá aquele sorrisinho de alívio e diz:
_ Puxa... Já estava achando que algo estava errado por aqui... - e aperta a mão da garota.
_ Mas, onde está sua tia, Linda?
_ Oouuh, essa não! - Samantha pensa, suando frio - Tenho que inventar algo, e rápido! – e responde, por fim: _ Oh, ela foi ao mercado e depois iria ao médico.
_ Sua tia está doente? - Gladys pergunta, curiosa.
_ Oh, não, é a prima Tabatha. Tia Samantha teve que sair às pressas, já que Tio James não está em casa, e pediu-me para ficar com o bebê enquanto ela está fora... Mas, eu não posso fazer muita coisa, sabe? – responde, em tom de lamento.

(Ouve-se o choro de Tabatha vindo de cima)

_ Acho que ela está com fome. Sabe, eu queria preparar a mamadeira, mas Tia Samantha disse para eu não mexer com fogo... – a garota faz uma carinha preocupada.
Gladys faz uma expressão de pena, enquanto a garotinha à sua frente parece ter uma ideia:
_ A senhora poderia me ajudar?
_ Oh, oh sim... – responde Gladys, pega de surpresa. – Claro que posso! – ela completa, entre uma de suas risadinhas.
_ Oooh, isso é fabuloso! – responde Samantha, com exagerada alegria. – Vou lá para cima ficar com o bebê.
Samantha sobe as escadas, um pouco aliviada por ter despistado Gladys Kravitz, que vai para a cozinha, cuidar da mamadeira, murmurando consigo mesma:
_ Nunca tinha visto essa sobrinha de Samantha... De quem será que ela é filha? A Sra. Stephens nunca me disse que tinha um irmão ou irmã... E nem o Sr. Stephens. Realmente, há algo estranho por aqui.
Gladys seca o bico da mamadeira com um paninho e, ao encaixá-lo no copinho, faz uma expressão confusa e diz:
_ Que tipo de mãe deixa um bebê doente sozinha com uma criança de doze anos que não conhece nada da casa?

Fade.

Com a mamadeira pronta, Gladys se dirige para o quarto de Tabatha, ainda confusa. Quando está prestes a subir as escadas, Endora magicamente aparece por detrás dela, exclamando:
_ Alô, Sra. Kravitz!
Gladys leva um tremendo susto e quase deixa cair a mamadeira.
_ Ma... Mas, eu não vi a senhora entrar!?!? – responde ela, virando-se para Endora.
Rindo, com ar de superioridade, Endora responde: _ A senhora estava muito distraída... – e, circulando Gladys, continua – Devia prestar mais atenção... Já imaginou se ao invés da mãe de Samantha, fosse um ladrão invadindo a casa?
Gladys se assusta e responde, recuando:
_ Acho que nem se fosse um ladrão eu me assustaria tanto! – Gladys diz, engolindo em seco.
Endora a encara seriamente e abaixa o braço, visivelmente enraivecida e pergunta:
_ Onde está Samantha? – e completa, maliciosamente – Já que a senhora sabe tudo por aqui...
_ Samantha saiu e ainda não voltou. Linda, sua neta está lá em cima com o bebê.
_ Linda?... – Endora volta o rosto para Gladys com ar de dúvida e, depois de um segundo, sorri e completa: _ Minha neta, mmmm.... Sim, sim!
Gladys, achando a mãe de Samantha extremamente estranha, resolve sair dali o mais rápido possível:
_ Bem... Eu ia levar a mamadeira para Tabatha, quando a senhora apareceu... Acho melhor fazer isso agora. – responde Gladys, suando frio.

(Ouve-se o choro insistente de Tabatha vindo do andar de cima.)

_ Oh, Sra. Kravitz... Tabatha está chorando! – Samantha aparece correndo no alto da escada – Por favor, venha logo... – ela suplica.
_ Com licencinha. – diz Gladys para Endora e sobe rapidamente.
Samantha desce e, ao passar por Gladys, pede, com arzinho inocente: _ Sra. Kravitz, a senhora poderia fazer o favor de dar mamadeira à Tabatha para mim? Preciso ir à cozinha... - e, mesmo sem esperar a resposta, desce rápido a escada. Gladys, confusa como sempre, vai até o quarto alimentar o bebê.
Na sala, a pequena Samantha vê a mãe e diz, animada:
_ Mamãe, que bom que voltou! Onde está Tio Arthur? – e, após olhar para os lados e não ver ninguém, ela pergunta ansiosa: _ Ele não veio com você?
_ Bem, Samantha... – Endora começa, sem muita convicção – Eu bem que tentei colocar um pouco de razão na cabeça de seu Tio Arthur, mas... Você sabe como ele é.
_ Ah, mamãe... – a pequena Samantha senta-se em uma das poltronas, apoia o rostinho nas mãos e, balançando as perninhas, suspira: _ O que é que eu vou fazer agora?
Endora, que até o momento se mostrava séria, de repente esboça um sorriso, dando dois passos à direita, deixando à mostra uma criança de cara emburrada, estranhamente familiar.
_ Tio Arthur!!! - exclama Sam, num misto de alegria e espanto.
_ Olá, Sammy - disse o tio, que, apesar de agora ser fisicamente uma criança, continuava com a mesma voz, assim como Samantha.
_ Que acha disso, Samantha? - pergunta Endora, com um ar de graça. _ Maravilhoso, não acha? - Endora completa, em meio a uma risada vitoriosa.
_ Realmente, mamãe, realmente! - responde Samantha. _ Não deixa de ser um bocado engraçado ver o brincalhão e criador de peças Tio Arthur sendo vítima de suas próprias feitiçarias! - completa, com uma expressão marota.
_ Ora, você duas! - responde Tio Arthur demonstrando estar pouquíssimo à vontade - Isso não tem graças nenhuma! Vocês deveriam aprender a ter espírito esportivo.
Consultando o relógio, Samantha diz, apreensiva: _ Mamãe, Tio Arthur, vamos acabar logo com isso, James está para chegar!
_ Não sabia que neste país se permitem casamentos antes dos 18 anos... - brinca Endora.
Samantha não faz caso, se levanta e fica frente a frente com o tio, mudado em criança, e pede: _ Bem, vamos lá Tio Arthur, acabe logo com isso!
O garoto, a contragosto, murmura o encanto:
“Binglou, zagou, spink... Que essa feiticeira agora pequenina, volte a ser a adulta que por minhas peças sempre me recrimina!”
Uma nuvem de fumaça se forma em redor da menina e, num instante, Samantha aparece em sua forma adulta.
_ Oh, mamãe! Eu voltei ao normal! Está tudo certinho!... - Samantha comemora.
_ Sim, querida, mas confesso que foi divertido rever minha garotinha de séculos atrás! - responde a mãe, com expressão nostálgica.
Tio Arthur, com cara de poucos amigos, se dirige à irmã:
_ E agora Endora, será que posso também voltar ao normal?
_ Está vendo Arthur? - caçoa Endora - Está vendo como suas ''brincadeirinhas'' são bem divertidas? - e solta uma risadinha sob o olhar descrente do irmão.
_ Endora, vamos com isso, já não me aguento mais tão ''sem graça'' neste corpo...
_ Está bem - e ela diz então as palavras mágicas:
“Blindur, vlagum, zlém: Criança enfadonha, que o mal da Quimera saia de ti, para que volte ao que era!” – Endora termina o encanto, com as mãos levantadas em direção a Tio Arthur.
Uma nuvem de fumaça roxa o encobre por alguns segundos e logo passa, dando visão ao bruxo em sua forma normal, que continua com expressão desgostosa:
_ Devo dizer obrigado, irmãzinha? - diz, com cara de nojo, ao que Endora responde com um sorriso e piscar de olhos. Arthur completa: _ Bem, não tenho mais nada a fazer aqui. Vou passar uns dias bem longe, em Barcelona. - e desaparece.
_ Enfim, tudo resolvido! - diz Samantha, com expressão de grande alívio - Mamãe, não quer subir comigo pra ver sua neta um pouco? – convida.
_ Não, já estive lá há poucos minutos... - responde ela - Como você disse que está quase na hora de Jameson chegar, acho melhor ir embora para evitar náuseas - completa, em um típico momento de implicância com o genro.
Samantha faz uma cara de reprovação, mas logo abre um sorriso e se despede da mãe: _ Até mais mamãe, e obrigada!
Endora responde: _ Até mais, querida! - e desaparece instantaneamente.
Nessa hora, Gladys desce a escada e encontra Samantha.
Surpresa, ela diz sorrindo: _ Bem, olá Sra. Stephens, vejo que já voltou!
_ Oh, alô, Sra. Kravitz... pois é, estou de volta. Espero que não tenha tido muito trabalho por aqui. - responde Samantha, também sorrindo.
_ Oh, não, de modo algum, não foi trabalho algúm. Vim procurá-la mais cedo e, como vi que não estava em casa, sua sobrinha Linda pediu-me para ajudá-la com a mamadeira de Tabatha, que agora já está trocada e dormindo... - responde Gladys.
_ Sem dúvida, Sra. Kravitz, foi muita gentileza sua ajudar minha sobrinha em quanto eu não estava. Ela me contou tudo, antes de ir com mamãe. Sabe como é... Não teria deixado Tabatha sozinha se não tivesse urgência em ir à cidade! - Samantha conclui.
_ Bem, está certo. Acho que já vou indo, Sra. Stephens. Meu marido Abner deve estar esperando por mim. - Gladys dá mais um risinho e entrega a mamadeira vazia para Samantha.
_ Até loguinho! - Gladys se despede, saindo pela porta.
_ Até logo, Sra. Kravitz. - responde Sam, fechando a porta.
Assim que Samantha começa a subir as escadas, a porta novamente se abre. É James, que chega do trabalho.
_ Oh, querido! - diz Sam, indo ao seu encontro, dando-lhe um rápido beijo.
_ Olá, Sam. Tive um dia difícil hoje, que cansaço!... – ele responde.
Nesse momento, frente a frente com sua esposa, ele a abraça e depois olha bem para seu rosto, dizendo:
_ E você, linda como sempre. Minha eterna garotinha!
Samanta então sorri para ele, e os dois se beijam.

Toque final do tema da série
Fade

FIM DO PILOTO

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E aí, o que acharam?

Dêem um desconto porque o texto foi escrito por dois garotos, há bem uns seis anos, muito antes de eu virar jornalista (mais especificamente, revisor, o que me tornou muuuuuuuito mais chato quando escrevo ou leio qualquer coisa, hahahaha)!
Posso trazer as outras?

Comentem!

Abração, e até!

sábado, 20 de setembro de 2014

50 anos de magia - parte 3 (final)

Alô, alô, barraqueiros!

Se vocês tiveram paciência de ler tudo nos acompanharam até aqui, espero que estejam gostando de conhecer um pouquinho sobre esse mágico programa que, mesmo após cinco décadas, continua encantando fãs de todas as idades.

Preparem-se, pois é hora do episódio final da homenagem aos 50 anos de...


A Feiticeira
Mas, antes, vamos falar de coisa boa? queria compartilhar umas lembranças com vocês.
O brasileiro que entrou no universo das redes sociais no longínquo início dos anos 2000 (ô, como parece longe, hein?), como eu, teve, durante muito tempo, o finado Orkut como uma "segunda casa". No Orkut, muita gente fez amigos, teve gente namorando, casando e tendo filhos, outros redescobriram parentes perdidos mundo afora. Era o tempo da galera disputando o topo da lista de depoimento dos colegas, do só add com scrap, dos perfis lotados I, II e III e delas: as comunidades absurdamente movimentadas em que, se você piscasse, já havia perdido 999 postagens.

E o que isso tem a ver com a série?

Calma, que eu já explico!

Em minha casa, fomos ter computador com internet em 2003, mas, no ano 2000, meu pai fez uma aquisição que "abriu o mundo" para a família: uma antena parabólica (pode rir, hahaha). Afinal, pra quem só podia escolher entre SBT, Globo, Band e Record, ter 30 canais (sim! 30!) foi um avanço e tanto! Com a parabólica, a gente conheceu a ErreideTV RedeTV!, mas o que mais mexeu comigo foi uma sessão que começava às 19h e apresentava duas séries com a cor meio diferente, uma aparência meio velha, mas que me prenderam na hora: Jeannie é um Gênio e... A Feiticeira.

Gostava das duas, mas A Feiticeira ganhou meu coração. Assistia sempre que podia, tentando driblar meu pai, impaciente para mudar de canal para assistir o noticiário. Pouco depois, veio o computador, a internet discada (lembra do sufoco?), posteriormente substituída por sinal a rádio. Comecei a conhecer o mundo virtual e, logo, o Orkut chegou à minha vida. Foi nesse ambiente que eu descobri uma comunidade que, de certa forma, mudou várias coisas em minha vida de fã de seriados: a "Série A Feiticeira".

Logo comecei a conversar com o dono, um rapaz da minha idade, e nos tornamos bons amigos, de conversar horas a respeito da série, comentando episódios, imaginando teorias e falando, principalmente, sobre a dublagem da série.

Bewitched foi lançada em 1964, nos Estados Unidos, como já contei pra vocês. Curiosamente, o delay gigantesco que temos aqui para receber as coisas de fora não aconteceu com a série. No ano seguinte, o programa chegou para ser dublado em terras brasileiras. Quem assinou o trabalho foi a clássica e tradicional Versão Brasileira AIC São Paulo, para ser exibida pela extinta TV Paulista (posterior emissora paulista da TV Globo).

Nessa época, a dublagem brasileira começava a se consolidar. Apesar da precária tecnologia, se comparada à disponível no exterior, o time de atores da voz dava um verdadeiro banho no que a gente vê hoje em muitas produções. A "versão brasileira", introduzida no Brasil na década de 1930, mas funcionando, pra valer, a partir dos anos 40/50, contou, desde seu início, com atores e atrizes do elenco radiofônico, das radionovelas e programas humorísticos, o que explica a gente ouvir vozes empostadas e pronúncias mais carregadas (com erres vibrantes) em dublagens desse primeiro período. Além de uma experiência pioneira para muitos deles, a dublagem se tornou uma fonte extra (ou, por vezes, principal). Muitos atores passaram a se dedicar majoritariamente à nova atividade.

A AIC (Arte Industrial Cinematográfica) São Paulo foi a primeira gigante no mundo da dublagem. Antes do famoso Versão brasileira: Herbert Richers pra tudo que é lado, era a narração da AIC que era ouvida nos créditos de filmes, desenhos e seriados, como... A Feiticeira!

Vamos às curiosidades da nossa versão brasileira? Vem comiiiiiiiiiigo!

1) Com oito temporadas, Bewitched foi, provavelmente, a série mais longa dublada ininterruptamente pela AIC São Paulo, em seus pouco mais de dez anos de existência.

2) Apesar de o nome da série significar, literalmente, "Enfeitiçado", dirigindo o foco para Darrin, o mortal da história, é fácil notar que Samantha reina muito mais do que o marido (sorry, Dumbo!) no pedaço. Logo, numa história em que a protagonista é uma bruxa, o título escolhido para o show no Brasil foi bem óbvio. Certo? Errado. Quem tem acesso aos DVDs vai perceber que nos seis primeiros episódios, mais ou menos, o narrador da abertura anuncia As Feiticeiras, no plural. Isso se justifica, ao meu ver, pela presença constante de Endora nos primeiros momentos. Vai que o tradutor pensou que o foco ficaria nas duas, né nom? Só depois, a série passou a ser anunciada como a conhecemos A Feiticeira.

 

De "Enfeitiçado" para "A Feiticeira"

PS.1: Pelo mundo a série teve nomes ainda mais diversos, desde os semelhantes Hechizada e Embrujada, nos países de língua espanhola, a Ma Sorcière Bien-Aimée ("Minha Feiticeira Bem Amada", na França), Vita da Strega ("Vida da Bruxa"), na versão italiana, e Verliebt in Eine Hexe (Apaixonado por uma Bruxa), em alemão. Em alguns países, a série é exibida com áudio original e legendas na língua local.



Capa do box da Sétima Temporada em algumas versões.

PS.2: Nossos patrícios portugueses receberam a série com a dublagem brasileira! Mas como gostam de complicar tudo, resolveram trocar o simples A Feiticeira por Casei com uma feiticeira, título usado até nos DVDs lançados por lá.

DVD português... com dublagem brasileira, ora pois!

3)
 Mais uma da versão brasileira: nos outros textos, só chamei o marido de Samantha por seu nome original - Darrin -, enquanto qualquer pessoa que já tenha ouvido uma coisinha sobre o programa o conheça por James. Diabeisso? Um nome tem nada a ver com o outro! Realmente, os nomes não são equivalentes, nem se parecem, se a gente ler ou falar assim, conscientemente.

Em uma entrevista com Rita Cleós, uma das vozes de Samantha, apresentada no blog Universo AIC (do meu amigo da época do Orkut Marco Antônio, um professor e pesquisador fanático pela AIC, que me ensinou muita coisa a respeito), a dubladora conta que a ideia de substituir o nome do personagem foi do primeiro tradutor da série, Hélio Porto (também dublador e diretor de dublagem). O tradutor alegou que o nome era mais comum no Brasil e a sincronia labial ficaria certinha. Mesmo o nome Darrin Stephens aparecendo escrito em alguns momentos da série, os brasileiros aprenderam a chamá-lo de James, e fim da história.

4) Eu disse na curiosidade anterior, que Rita Cleós foi uma das vozes de Samantha, e é isso mesmo. Apesar de muita gente não se dar conta, a voz da bruxinha não foi sempre a mesma. A primeira dubladora selecionada para fazer Samantha falar português foi Nícia Soares, que já havia dublado a Betty Rubble, em Os Flintstones, por exemplo.

Nícia Soares, a primeira voz de Samantha
Dona de uma voz mais doce - e um pouco mais radiofônica -, Nícia dublou Sam na 1ª temporada e começou a dublar a seguinte, mas decidiu se afastar, pois preferia fazer participações menores, que lhe segurassem menos no estúdio. Como os episódios não vieram em sequência, quem possui os DVDs pode estranhar a mudança de vozes durante a temporada 2.

Rita Cleós, a dubladora definitiva de Samantha e a voz de Serena

É quando entra Rita Cleós, atriz de teatro, que havia participado de várias iniciativas pioneiras no início da TV no Brasil e, agora, mostrava seu talento atrás do microfone. A dubladora (que também foi tradutora e chegou a dirigir dublagens) ficou até o final da série e, no meio do caminho, ganhou mais uma personagem: Serena, a prima "fora do normal" de Samantha.
5) Aliás, quando o assunto é troca de vozes, A Feiticeira foi uma série campeã, o que não desqualifica ou diminui o primor do trabalho, vão por mim. Mesmo que algumas coisas pareçam estranhas, como as gírias da época, talvez a qualidade do som, ou mesmo as vozes diferentes, vão por mim, 50% do sucesso da série e de sua permanência na memória afetiva e auditiva de milhares de brasileiros se deve ao trabalho da equipe AIC.

Essas trocas aconteceram basicamente pelo tamanho da série. Com oito temporadas (anos), A Feiticeira levou muito tempo para ser dublada. Os atores nem sempre estavam inteiramente disponíveis para serem escalados - alguns momentaneamente, outros em definitivo -, o que levou os diretores de dublagem a fazer substituições.

Com base nos trabalhos de pesquisa do Thiago Moraes (dono da extinta comunidade "Série A Feiticeira", no Orkut) e do Marco Antônio (do blog Universo AIC), eu montei a tabelinha abaixo, com os dubladores dos personagens principais:


Separei as temporadas e personagens por cores. Nos casos em que a personagem não aparece, o período está em amarelo, com a legenda correspondente. Os nomes com fundo rosa são dos atores que ficaram durante muito tempo com o personagem, sem interrupções. Alguns dubladores citados, só deram voz ao personagem em uma aparição, em determinada temporada. Ainda assim procurei citá-los ao máximo, para trazer a informação bem completinha para vocês!

5) Como a maioria das séries, a abertura de A Feiticeira no Brasil não foi modificada, contando apenas com a narração do título em Português (mais comum nos primeiros dois anos) e dos episódios (em períodos alternados). Nos DVD's, a partir da 6ª temporada, um narrador mais recente anuncia o nome da série.

6) O programa foi exibido em praticamente todas as TVs abertas, entre os anos 60 e 80: TV Paulista (onde estreou), TV Excelsior (extinta), TV Record, TV Tupi (extinta), TV Globo e TV Bandeirantes. Não dou certeza, mas algumas pessoas afirma ter visto a série na TV Manchete (também extinta). Só não passou no SBT (pô, Sílvio! Vacilou...). A última TV aberta a trazer a série foi a RedeTV!, que deixou de exibi-la em abril de 2007. Depois, uma emissora pequena, chamada Rede 21 colocou A Feiticeira no ar, mas não transmitia para todo o Brasil. Os fãs, então, tiveram duas opções: comprar os DVDs ou torcer pra que alguém disponibilizasse para download ou postasse episódios no Youtube.

7) Os produtos estrangeiros vinham para o Brasil (para serem dublados e/ou exibidos) em rolos de filme. No processo de dublagem nos anos 1960, a gravação das vozes e/ou efeitos sonoros era feita em uma fita magnética acoplada ao filme. Muito frágil, essa parte de áudio sofre com a ação do tempo e do manuseio constante tanto ou mais do que a parte das imagens. O som vai se perdendo, até não ser possível escutar coisa alguma.

A Feiticeira rodou na mão de muita gente e, com certeza, não ia escapar de algumas avacalhações. Por sorte, o estrago foi pouco. Enquanto muitas dublagens de séries e filmes hoje são completamente perdidas, dos 254 episódios de A Feiticeira, apenas quatro não possuem mais seu áudio em português, pelo menos oficialmente e disponível para as emissoras. Nos DVDs, esses episódios foram lançados com áudio em inglês e legendas em Português.

7) Você certamente conhece algumas das vozes que dublaram os personagens dessa série tão querida. Pra te ajudar, confira os rostos e alguns papeis famosos desses grandes atores.

Primeira voz de Dick Sargent (6ª temporada) na série,
Osmiro Campos é também conhecido como...
Mestre Linguiça, digo, digo, Professor Girafales e demais personagens
de Ruben Aguirre nas séries de Chespirito

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Helena Samara (já falecida), a principal voz de Endora, também responde por...


Dona Clotilde, a bruxa, digo, a senhorita do 71, e demais personagens
de Angelines Fernandez na dublagem clássica de Chaves, Chapolin etc. ou...

Wilma Flintstone, no desenho clássico.
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Sílvio Navas, que dublou Maurice, também é conhecido como...
Muuuuuuun-Haaaaaa: o de vida eterna!
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O genial Olney Cazarré, que mais tempo dublou James
(nos dois atores), podia ser visto também como...
... o corintiano João Bacurinho, da Escolinha do Professor Raimundo.
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O enfezado "Fernando", do Canal Parafernalha, atende pelo nome de Sílvio Matos,
mas, na série, encarnou o piadista Tio Arthur
Como eles, os dubladores da série deram voz a diversos personagens que encantaram - e ainda encantam - os fãs de televisão e cinema no Brasil. Foi por suas vozes que nossos personagens favoritos puderam falar português e ficarem mais próximos de nós!

Aos dubladores - vivos e falecidos - da AIC São Paulo, que contribuíram para abrilhantar a trajetória da série no Brasil, muito obrigado!

Minha gratidão também aos amigos da época do Orkut Marco Antônio e Thiago Moraes pelo trabalho fantástico no resgate de informações sobre a série!

Créditos de foto: Google e Bewitched.net.
Referências: Harpies Bizarre (site especializado em Bewitched)Wikipedia (em inglês)Blog do Thiago Moraes (fã e pesquisador da série)Universo AIC (do estudioso e amante da AIC, Marco Antônio) e InfanTV (Artigo sobre a série e elenco).


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That's all, folks!
Chegamos ao fim desta série de posts em homenagem aos 50 anos de A Feiticeira, que, com o poder de um narizinho, conquistou os Estados Unidos, o Brasil e o mundo!
Espero que vocês tenham gostado e tido paciência com os textos quilométricos, mas foi por uma boa causa e continuem conosco nos próximos posts!

Abração, e até!

sexta-feira, 19 de setembro de 2014

50 anos de magia - parte 2

Alô, alô, barraqueiros!

Uma das séries mais amadas da televisão norte-americana e em todo o mundo fez aniversário ontem (17/09): Bewitched completou 50 anos e o Barraco do Leon continua a série de posts em homenagem a essa mágica série! 

Vem comiiiiiiigo!


Estamos apresentando: A Feiticeira

Bewitched foi transmitida pela rede estadunidense ABC de 1964 a 1972, num total de oito temporadas e 254 episódios. Durante oito anos, os norte-americanos foram convidados diários na casa 1164 de Morning Glory Circle para acompanhar o cotidiano peculiar (né Sra. Kravitz?) dos Stephens: o normal e comum ser humano Darrin, sua encantadora (sentiu o trocadilho?) esposa Samantha e as crianças Tabitha (que chegou na segunda temporada) e Adam (a partir da sexta).

Na série, mortais e feiticeiros se trombavam o tempo todo, enlouquecendo Darrin e deixando Gladys Kravitz, Phyllis Stephens, Larry e Louise Tate com a impressão de que havia algo de muito esquisito acontecendo naquela casa.

Se um programa de curta duração pode ser cheio de histórias, em Bewitched, muita coisa aconteceu. O show revelou talentos, influenciou a cultura e trouxe inovações no aspecto de produção de séries para televisão: afinal, antes da série, ninguém levitava, desaparecia ou reparava coisas com um virar de dedos (ou uma mexidinha de nariz), né mesmo?

Confira, então, algumas curiosidades sobre a série:

1) A loira garotinha dos Stephens, Tabitha, só entrou na história por causa da gravidez de Elizabeth Montgomery. Como eu contei no post anterior, antes de começarem as filmagens, Liz contou à equipe que estava esperando um bebê. Todos trabalharam aceleradamente, para aproveitar o tempo em que o corpo da atriz não tivesse sofrido as mudanças características de seu estado. O disfarce deu certo até o início da segunda temporada, quando, no episódio Alias Darrin Stephens (na versão brasileira "A Palavra Mágica"), Sam contou a Darrin que a família iria crescer logo, logo. Foi Liz Montgomery quem criou e modificou o nome da personagem, de Tabatha, como preferido pelos produtores, para Tabitha, pronúncia que lhe agradava mais.

Samantha teve uma filha, mas o bebê de Elizabeth Montgomery foi um garoto:
Robert (no colo da mãe, nessa foto), seu segundo filho com William Asher 
2) Ainda sobre Tabitha: como era comum (digo "era", porque não sei se a prática permanece assim), ao se trabalhar com crianças pequenas em estúdios de filmagens, dava-se preferência a gêmeos. Apesar de estrear interpretada pela bebezinha Cinthia Black (em 1966), três pares de irmãs deram vida à nova integrante da família Stephens: primeiro Heidi e Laura Gentry, em 66, depois Tamar e Julie Young, no mesmo ano, e, por fim, Diane e Erin Murphy (1966-1972), as carinhas da Tabitha, que todo mundo conhece.

Os três pares de gêmeas que interpretaram a primogênita dos Stephens:
Heidi e Laura, à frente, Julie e Tamar, à direita, e as irmãs Murphy, ao fundo
(crédito de foto: www.bewitched.net)
3) Tabitha parte 3: apesar de começarem dividindo o papel da bruxinha, foi Erin que ficou com o papel definitivamente. Explico: as irmãs eram gêmeas fraternas (ou bivitelinas), ou seja, não idênticas. Quando bem pequenas, as meninas se pareciam muito e, por isso, foi possível revezá-las até meados de 1968, quando as diferenças entre as duas ficaram bem aparentes. Como a imagem de Erin se parecia com a de Elizabeth Montgomery, a pequena atriz ficou com o papel até o fim da série, cabendo à irmã pequenas participações em mais três ou quatro episódios dali por diante.

Erin, à esquerda, e a irmã Diane:
na guerra das Tabithas, ganhou a mais parecida com a "mamãe"
Um detalhe: Diane começou a se diferenciar bem cedo de Erin. Quando foi ao ar o episódio 32 da 3ª temporada Nobody but a frog know how to live (no Brasil "Era uma vez um sapo"), Diane interpretou Tabitha. Conta-se que choveram ligações para a ABC reclamando por terem "trocado" a garotinha. Poor Diane, rsrsrs.


Diane, como Tabitha, num dos raros momentos em que a gente sabe
com certeza quem é quem. Se liga no formato da boquinha!
4) Assim como no caso de Tabitha, Adam também veio ao mundo para "cobrir" a última gravidez de Elizabeth Montgomey no casamento com William Asher. Depois de Bill Jr. (nascido antes da série) e Robert Asher, nascia Rebecca. O caçula dos Stephens também foi interpretado por gêmeos: de 1969 a 1970 por dois bebês não identificados e, de 70 a 72 pelos irmãos David e Greg Lawrence, que hoje assinam Mendell. E, ao contrário do que muita gente pensa e divulga, Adam também é feiticeiro! A revelação foi feita no episódio 14 da temporada final Adam, warlock or washout? (no Brasil "Mais um mago na família").

Nessa foto de elenco, tirada na época da sétima temporada,
os gêmeos Lawrence aparecem sentadinhos aos pés da "vovó Endora"
5) A série sofreu várias baixas ao longo dos anos, e algumas delas pesaram pra caramba no desempenho futuro do show. Vamos aos casos:

Caso Gladys Kravitz
Quem assiste a segunda temporada de A Feiticeira, percebe que, com o passar dos episódios, Gladys Kravitz vai ficando cada vez mais magra, a exceção do último, Prodigy (Prodígio), filmado em junho de 1965 e exibido quase um ano depois, em homenagem à atriz, recém-falecida. Alice Pearce, por quem Liz tinha certo apreço, havia descoberto um câncer no ovário antes da série, mas manteve a enfermidade em segredo. Apesar da aparência curiosa, de mulher pouco bonita, Alice foi casada duas vezes e teve no segundo marido, Paul Davis, um companheiro devotado e amável em seus últimos dias. Era ele quem presenciava a deterioração de seu estado de saúde e a acompanhou todos os dias nos estúdios. 

Alice Pearce e George Tobias a.k.a. Sra. e Sr. Kravitz
Para evitar um hiato muito grande, a produção resolveu a ausência de Gladys com a entrada de Harriet Kravitz, vivida por Mary Grace Canfield, uma irmã de Abner, que cuidaria da casa enquanto os Kravitz estavam fora, em visita à mãe de Gladys. Nos bastidores, a equipe lutava para encontrar uma substituta e, sem se ater a semelhanças físicas, contrataram Sandra Gould, outra atriz de comédia, que, apesar de um ano mais velha que Alice, pareceu muito mais nova na dinâmica com George Tobias, seu marido na série. Os Kravitz permaneceram na série até 1971, e não foram mostrados na temporada final.

Sandra Gould, como a nova Gladys.
Abner não parece muito convencido da troca, rsrsrs
Caso Darrin Stephens
História famosa, que a maioria dos fãs de Bewitched já deve saber, ao menos um pouquinho. Dick York já possuía uma carreira em cinema e TV quando foi chamado para o papel de Darrin, após a indisponibilidade de Dick Sargent. O que a equipe não esperava é que, com ele, viesse um dos maiores problemas da história da série. Anos antes, nas gravações do filme They Came to Cordura (no Brasil "Heróis de Barro", 1959), York sofreu um acidente com um pequeno vagão (como aqueles de mina, sabe?) e teve graves lesões musculares nas costas, das quais nunca se recuperaria.

William Asher, em um documentário para o canal E!, declarou que, de início, percebeu que York falava meio diferente e nunca estava "100% no local", mas, como era muito dedicado, se errava algo, repetia o quanto fosse necessário e fazia sempre bem feito. Todos achavam que daria para levar, mas, na quinta temporada, a bomba estourou. Devido à lesão, Dick York passou a tomar remédios para dor e calmantes em grandes quantidades, que lhe causaram dependência e, a partir de certo ponto, já estavam prejudicando seu desempenho. O ator começou a faltar e, nas palavras de Asher "cada segunda-feira era uma incerteza, pois ninguém sabia se poderiam contar com ele".

Se vocês prestarem atenção, a maior parte dos episódios da temporada 5 se passa sem Darrin, que está sempre "em viagem de trabalho". Os roteiristas tinham que reescrever os scripts às pressas, modificando trechos e alterando falas ou, até mesmo, criar novas histórias rapidamente para suprir as ausências cada vez mais frequentes do ator. Aí, a solução era apelar para as histórias do mundo bruxo, que, curiosamente, não caíram tanto no gosto do público. Quando, na gravação do episódio 27 Daddy Does His Thing (Teimoso como uma mula), Dick York sofreu um colapso e foi levado em coma para o hospital, todos sabiam que aquele era o fim da linha.

Os dois Darrins na vida de Samantha: Dick York (E) e Dick Sargent (D)

Foi, provavelmente, a perda mais difícil de se lidar. O contrato da série estava renovado e era preciso mantê-la no ar, mas, como continuar com o show, sem o marido mortal? Um feitiço que "transformaria" a aparência de Darrin? Um novo amor para Samantha? Por fim, decidiu-se que a melhor explicação era não dar explicações. A ABC exibiu uma maratona com todos os episódios "sem Darrin" da quinta temporada e, em 18 de setembro de 1969, Dick Sargent entrava pela porta da casa dos Stephens como seu novo dono. Novo ator, novo jeito de interpretar - mais discreto, comedido, sem tantos movimentos de corpo e caretas - e, porque não?, nova dinâmica de casal. O fato é que a relação entre Sam e Darrin nunca mais foi a mesma; nem a da série com seu público.

Casos Tia Clara, Louise Tate e Frank Stephens
Bruxa velhinha, avoada e com os poderes falhando que era o xodó de muita gente, tia Clara, interpretada impecavelmente pela veterana Marion Lorne, esteve na série até a quarta temporada, quando faleceu, vítima de um ataque cardíaco, em 9 de maio de 1968. A atriz não foi substituída, e a personagem desapareceu da série. Somente na sexta temporada, surgiu uma quase substituta: a empregada feiticeira Esmeralda, vivida pela atriz Alice Ghostley até o fim da série.

Marion Lorne, como Tia Clara: mesmo com os poderes fora de forma,
não havia bruxa como ela!

Anos depois, Alice Ghostley encarnaria Esmeralda,
a babá-empregada com poderes falhando: uma tentativa de trazer de volta
o "espírito de Tia Clara"

Louise Tate
, a esposa de Larry, que se tornou (questionavelmente) a melhor amiga de Samantha, foi introduzida, discretamente, no episódio 4, It Shouldn't Happen to a Dog (Encantos e Encantamentos), e, depois passou a ser personagem regular, vivida por Irene Vernon. Desiludida com o pouco espaço dado à personagem (em pouco mais de 70 episódios, Louise só apareceu em 13), a atriz deixou a série, em busca de oportunidades maiores, que acabaram, posteriormente, não se concretizando, e levaram-na a deixar o show business. Para o papel, foi chamada a já razoavelmente conhecida atriz de TV Kasey Rogers, que, loira, escondeu seu cabelo natural sob uma peruca negra até a oitava temporada, quando, em conversa com William Asher, ficou livre para deixar de usá-la. Falecida recentemente, Rogers esteve presente em diversos eventos relacionados à série e, como as primeiras temporadas, por serem produzidas em P&B, logo deixaram de ser exibidas em várias parte do mundo, acabou sendo o único rosto conhecido de Louise Tate para a maioria dos fãs da série.

Sai Irene Vernon, a Louise Tate 1...
... entra Kasey Rogers, a Louise Tate 2

No episódio 14 da primeira temporada, Samantha (e todos os telespectadores) conheceu os pais de Darrin: Frank e Phyllis Stephens. Numa interação leve e muito divertida, Robert F. Simon interpretou o paizão aposentado e tranquilão, enquanto a grande Mabel Albertson deu vida à sogra ciumenta e possessiva, que tinha sempre uma conveniente dor de cabeça. Só que os personagens apareceram pouco: Frank - 13 vezes, Phyllis - 19, em toda a série. Foi difícil encontrar Robert Simon disponível todas as vezes e, além disso, ele era contratado por aparição. Daí, em mais um daqueles casos em que o critério Semelhança? Pra quê? comeu solto, o ator Roy Roberts interpretou o Sr. Stephens no meio da série. Curiosamente, na última aparição do personagem, na temporada 8, o primeiro Frank foi quem apareceu na telinha.

Frank Stephens foi vivido primeiro por Robert F. Simon...
... e depois por Roy Roberts, que viria a ser substituído
por seu antecessor na aparição final do casal Stephens
Outros personagens também foram interpretados por vários atores, como as feiticeira tias Hagatha e Enchantra e a secretária de Darrin, Betty, campeã de "mudança de corpo".

6) O pai de Samantha, Maurice, quase foi vivido pelo grande ator Roberth Montgomery, pai de Elizabeth. Os dois tinham uma relação complicada e Sr. Montgomery recusou o convite. Para assumir o posto, foi escalado o ator de tradição shakespeariana Maurice Evans, que apareceu em apenas 12 episódios em toda a série, mas marcou suas aparições pelos desentendimentos com Endora e seu desprezo pelos mortais, que acabava sempre caindo sobre o Douglas Dino Dennis Como-é-mesmo-o-nome-dele?

Maurice Evans, cujo personagem veio a se chamar... Maurice!

7) O caso Serena, a prima sem-noção-do-perigo de Samantha. Quem já está acostumado saca logo a armação - e eu suspeito que até os desavisados percebem -, mas, não custa revelar: era Elizabeth Montgomery quem interpretava a personagem, com o auxílio de uma peruca (ou várias) preta e um pseudônimo bem matreiro incluído nos créditos a partir da 5ª temporada: Pandora Spocks. Apesar de uma primeira aparição relâmpago no segundo ano da série, foi só season five que Serena tomou forma e virou essa entidade delicinha que nós conhecemos.

Sam e Serena: percebem alguma semelhança?


A personagem foi um grito de liberdade para a estrela do show, cansada de fazer a boazinha e nem tanto submissa feiticeira virada em dona de casa. É sabido que Liz se divertia muito interpretando Serena e, provavelmente, o segundo papel foi umas das investidas que a fizeram levar a série adiante por mais tempo.

Colocar a prima na tela deu trabalho, ainda mais quando Sam e Serena tinham que estar juntas. Numa época em que os recursos ainda não eram tantos, três métodos foram realizados, e uma pessoa foi essencial para que a coisa desse certo: Melody McCord, a dublê de corpo (ou stand in) de Liz. As cenas poderiam ser gravadas com essas técnicas: Samantha vista de frente, sob as costas de Serena (com Melody caracterizada, mas a voz de Montgomery encaixada, se necessário); cortes separados de cada personagem vista de frente, encadeados em sequência, como em uma conversa; e, por fim, o bom e velho cromakey, pra quando o bicho pegava e não dava mais pra ficar só fazendo corte daqui e dali, e as duas precisavam aparecer lado a lado. Esse recurso era mais caro e foi usado poucas vezes.

8) A abertura da série mudou ao longo das temporadas. Quem tem os DVDs ou conhece os episódios em suas transmissões recentes, está acostumado à abertura colorida, creditando Elizabeth Montgomery, Dick York e Agnes Moorehead, ao final. Esta, porém, foi a abertura introduzida no terceiro ano do show. Nos primeiros anos, em P&B, a cozinha, do início da animação, era mais bem delineada e, frequentemente, havia animações que introduziam a abertura, indicando os patrocinadores daquele ano. Mas as maiores transformações vieram a partir da temporada 6: de cara, a troca do bonequinho de Dick York para o de Dick Sargent. O nome de Elizabeth Montgomery passa a abrir a vinheta, antes do título da série, e, fechando a animação, a fumacinha da panela, que antes abrigava o nome de Agnes Moorehead, apenas, passou a receber também o de David White (Larry Tate), por insistência de Liz, segundo se conta. As melodias de abertura, dos créditos de direção e do encerramento também mudaram, ficando mais aceleradas, no correr das temporadas. Até os efeitos sonoros - como o da mexidinha do nariz - não foram os mesmos do começo ao fim do seriado.

9) Outra história famosa, mas que a gente vai recordar: o narizinho poderoso de Samantha. Reza a lenda que, depois dos pontos principais já estarem definidos, William Asher se pôs a pensar na maneira pela qual Samantha manifestaria seu poder. Precisaria ser algo característico, especial, que se destacasse. Então, o diretor se lembrou uma mania que a esposa tinha quando ficava ansiosa: numa espécie de muxoxo, acabava mexendo o nariz. Era o que ele precisava! Asher pediu a Liz que fizesse o gesto e ela dizia que não fazia ideia do que ele estava falando. Os dois ficaram nesse "disse-não-disse", nesse "faz-não-faz" até que a atriz, de saco cheio, fez o bendito movimento! Bill Asher deve ter comemorado como se tivesse conseguido o primeiro prêmio na loteria. Acontece que Elizabeth não mexia o nariz: ela movia os lábios e, por consequência, o narizinho arrebitado acompanhava o movimento, que ficou eternizado pela bruxinha em desenho da abertura do programa. Em outros momentos, Samantha, como os outros bruxos, usava movimentos dos braços para conjurar um encanto, desaparecer ou realizar outros truques.

10) A casa dos Stephens já apareceu em diversas séries - da época e até atuais -, tanto por "dentro" como por "fora". Isso porque a Columbia Pictures possui um rancho em que foi montada uma espécie de rua circular, com diversas fachadas de construções, que serviram e ainda servem às produções da companhia. Já as cenas internas eram gravadas em estúdio, o que não impediu de se usarem os cenários para séries como Jeannie é um Gênio. Apenas quando um incêndio destruiu quase completamente os cenários, nos anos finais do programa, é que a casa de Samantha e Darrin ganhou uma "reforma", mudando vários ambientes, em especial, a cozinha.

Columbia Ranch: a "casa" dos Stephens está assinalada com um retângulo
11) Apesar de ter ganhado o mundo com Bewitched, Elizabeth Montgomery lutou para sair da sombra de Samantha e, de certa forma, passou a ter uma espécie de aversão à série. Durante as filmagens do programa, seu casamento com William Asher se deteriorou, e inúmeras outras situações a fizeram querer o fim do projeto por várias vezes, o que sempre era barrado pelos executivos da ABC, com propostas financeiras e de produção cada vez mais vantajosas. 

Quando a oitava temporada chegou ao fim, com um episódio que já era o segundo remake de um da primeira temporada, não houve proposta que convencesse o casal Montgomery-Asher a levar o projeto adiante. Os números mostravam que a escolha foi sábia: nos anos 70, um show sobre uma dona de casa feiticeira já não fazia muito a praia de ninguém.

Segundo seus amigos e conhecidos, Elizabeth detestava que a pedissem para "mexer o nariz" como Samantha, e, com o passar do tempo, seu distanciamento da personagem cresceu cada vez mais.A partir daí, Montgomery passou a se envolver em projetos que se distanciavam ao máximo do visual doce, cândido e mágico de Samantha: protagonizou os filmes A Case of Rape, vivendo uma mulher violentada duas vezes pelo mesmo homem; The Legend of Lizzie Borden, como a mulher acusada de assassinar barbaramente a própria família; e, no fim da vida, interpretou a repórter Edna Buchanan para dois filmes de televisão.

Samantha Stephens? Bruxinha boa? Passado!
Liz Montgomery no poster de "A Lenda de Lizzie Borden"
12) Na época, Bewitched foi indicada ao Emmy várias vezes, mas só levou o prêmio em três ocasiões: Bill Asher levou o de "Melhor Diretor de Série de Comédia" em 1966 e as atrizes Alice Pearce e Marion Lorne receberam, em homenagem póstuma, o de "Melhor Atriz Coadjuvante em Série de Comédia", pelas personagens Gladys Kravitz e Tia Clara.

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Bewitched esteve no ar por oito anos e, apesar de não ter encerrado sua história com altos índices de audiências, conquistou seu lugar entre as séries que marcaram época na televisão norte-americana e no coração dos fãs pelo mundo.

Já pararam pra pensar que parte desse sucesso se deve, também, à dublagem do show? Afinal, ainda hoje, muita gente não domina outro idioma com a fluência necessária para assistir a uma sitcom, entender e se divertir com as piadas e situações.

Pessoas de diversos países viram Samantha, Darrin, Endora, Larry Tate e companhia falarem seu idioma. O Brasil foi um deles. Essa história, você vai conferir no próximo post!

Abração, e até!