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sexta-feira, 6 de março de 2015

Episódios "perdidos" de A Feiticeira - parte 1

Alô, alô, barraqueiros!

Como estão todos? Tudo tranquilo?

No post de hoje, queria trazer um pouquinho das minhas incursões no mundo das fanfics.

Se alguém aí não faz ideia do que estou falando, não precisa se desesperar, que eu explico!

Fanfic é uma abreviatura da expressão em Inglês fanfiction - traduzindo: é uma [obra de] ficção criada por fãs. Sacou o negrito nas palavras? Hein, hein?

Mas, fãs de quê?

Fãs de qualquer coisa! Hahahahaha

Pelo que sei, aqui no Brasil, aficionados por séries como Star Trek (para os brazucas "Jornada nas Estrelas") já criavam histórias com os personagens e compartilhavam entre si através de fanzines, nas reuniões, encontros e convenções de fãs, mas, de fato, a internet é que veio dar gás e espaço a essa leva de escritores e suas histórias, digamos, "extraoficiais".

O sucesso é tão grande, que alguns ficwriters - como são chamados os escritores - têm legiões de fãs, que além de permanecerem fieis às histórias devido ao carinho pelos personagens e a produção que lhes deram origem, continuam lendo, indicam e incentivam a leitura por causa dos autores!

Então, como escrever faz parte, alguns anos atrás, também me testei como escritor de fanfics. Como, normalmente, as pessoas escrevem sobre algo com que tenham afinidade, me juntei a um amigo que compartilhava comigo a admiração pela série clássica A Feiticeira e resolvemos iniciar um projeto meio "ousado", um bocado petulante, talvez: escrever "roteiros" de possíveis episódios da série, explorando situações e personagens de maneiras que não haviam sido feitas no programa.

A vida é muito camaleoa, gosta de pegar a gente de surpresa, e a própria internet é "caixa de Pandora". Moral da história: nós fomos, juntos, até a quarta fanfic e paramos. Bem, na verdade, a quarta eu escrevi sozinho, mas...

Os leitores diziam que a gente levava jeito, que as histórias, de fato, pareciam se transformar em episódios originais na mente das pessoas. Eu, pelo menos, ficava contente demais, quando lia os comentários... Parecia que a gente estava no caminho certo, e que estávamos alcançando nosso objetivo: entreter, preservar a memória e homenagear nossa série preferida!

Publicamos primeiro no finado Orkut, depois eu levei os textos para um portal de fanfics chamado Nyah! Fanfiction, que era cheio de gente boa, escrevendo sobre tudo que você pode imaginar, mas depois, acabei saindo do site, e as histórias foram apagadas.

Agora que tenho, novamente, meu cantinho, divido com vocês a primeira das Fanfics A Feiticeira!


*A história se passa na metade da segunda temporada.

Manhã na casa dos Stephens, Samantha está na cozinha, às voltas com panelas, xícaras e mamadeiras de Tabatha. Uma chaleira está no fogão.

_ Ooooouh, - lamenta Samantha – Tabatha tinha que amanhecer resfriada justo hoje, quando pretendia levá-la para ver James na cidade?
Sam, pega uma das mamadeiras, enche de leite e, quando vai pô-la para esquentar, ouve uma voz familiar, dizendo em tom de deboche:
_ O que está fazendo ENFURNADA nessa cozinha? Se não tomar cuidado, vou acabar confundindo você com o bule de café! - Tio Arthur morre de rir, e completa: _ Ou então com a vassoura, quem sabe? - e continua rindo
_ Oooouh, Tio Arthur! Hoje não estou com tempo para suas piadas! - responde Sam, com expressão zangada.
Tio Arthur aparece, enfim, com expressão desgostosa, torcendo a boca.
_ Ora, Sammy... Pare de ser tão estraga-prazeres! Você está parecendo uma criança de doze anos! - retruca Tio Arthur, olhando para as mãos.
De súbito, levanta o olhar, com expressão marota e diz:
_ Talvez você precise se divertir um pouquinho mais para deixar de reclamar tanto!
Tio Arthur levanta os braços e recita:
 ''Cantes... reviços.. maranos..., que essa atarefada feiticeira imediatamente volte aos seus 12 anos!''
Após uma nuvem de fumaça, Sam olha para suas pequenas pernas e seus pequenos braços, e, perplexa, exclama: _ Tio Arthur!!!
Tio Arthur ri, com seu jeito muito próprio, enquanto Sam, desesperada, pergunta:
_ Tio Arthur, que brincadeira é essa?!''
_ Talvez com 12 anos você fique menos ranzinza e mais divertida, Sammy. – responde o tio, com uma expressão crítica.
Sam, desesperada, começa a apalpar seu novo corpo de criança, a cabeça, os braços, totalmente perplexa.
_ Francamente, Tio Arthur! Eu estou cheia de problemas e olha como você me ajuda, levando-me de volta aos meus 12 anos? Acabe já com isso! Preciso esquentar a mamadeira de Tabatha! Ande logo!
_ Acho que não, Sammy... – Tio Arthur responde, soltando uma grande gargalhada e sumindo num piscar de olhos, antes de Samantha poder fazer qualquer coisa.
_ Tio Arthur, volte já aqui! – grita Samantha.
_ Tio Arthur!?... Tio Arthur!?... Oooooooouhh...

A câmera foca a carinha desolada da pequena Samantha. Corta para a abertura da série.

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Sam, desesperada, se olha no espelho, e constata: Tabatha está lá em cima, no quarto, James no trabalho e ela, sozinha em casa, atarefada e, como criança, não pode fazer nada!
A campainha toca
_ Estou na cozinha, diz Samantha automaticamente, meio sem pensar em sua situação.
Como a porta da frente está aberta, Gladys Kravitz já entra dizendo:
_ Alô, Sra. Stephens, não queria incomodá-la, mas, gostaria de pedir uma xícara de açúcar emprestada...
Sam, automaticamente, vem para a sala pelo corredorzinho do e fala, em seu tom de voz gentil:
_ Alô, Sra. Kravitz, não é incômodo algum!
Gladys Kravitz grita e sai correndo, gritando: _ Abneeeeeer! Abneeeeer!
E a câmera se foca em Samantha, que leva a mão à testa, lamentando: _ Oh... Mais essa agora!

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Sala de estar dos Kravitz. Abner está deitado no sofá, tentando ler o jornal, quando chega Gladys gritando:
_ Abner, há uma menina na casa dos Stephens com a voz idêntica à de Samantha!''
Abner responde chateado: _ Gladys, o que foi agora?
_ Eu estou falando, há uma criança na casa dos Stephens! – responde Gladys. _ É estranha... Mas ao mesmo tempo é estranhamente familiar! – Gladys fala, mais para si mesma que para o marido.
Abner se levanta, tira o cachimbo da boca e responde em monotonamente:
_ Ora, Gladys, é normal que tenha uma criança lá. Também é normal que seja familiar, já que é filha deles! – e volta a se deitar.
Gladys insiste: _ Não, Abner! Não é o bebê... É uma garotinha, de uns doze anos, que tem a voz de Samantha Stephens! Abner, escute! Há algo errado por lá!
_ A única coisa errada é você, Gladys! - o marido retruca e volta a descansar, ao que Gladys responde com um muxoxo.

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Corte para a casa dos Stephens.
Samantha está desesperada, andando de um lado para o outro na sala de estar. De vez em quando ela grita, implorando: “Tio Arthur! Tio Arthur! Apareça, vamos! Deixe de suas brincadeiras...”, mas nada funciona: o tio não aparece. Então, ela grita:
_ Mamaaaaaaaaaaaae!!! Mamaaaaaaaaae!!!
Endora chega pela cozinha, onde imaginava que a filha estaria, com sua habitual efusividade:
_ Alô, Samantha!
_ Oh, mamãe, graças a Deus você apareceu! - lamenta a pequena Samantha.
_ Eh... Samantha? Onde você está?
_ Na sala, mamãe!
Endora desaparece da cozinha e aparece na sala, e vê, atônita, uma garotinha loira de doze anos, de vestido verde, sapatinhos pretos e meias brancas, com duas fitinhas rosas no cabelo, e uma expressão desolada no rosto.
_ Oh, Samantha! – exclama Endora espantada. _ Quer me dizer o que aconteceu a você?
_ Oh, mamãe, foi o Tio Arthur! Veja o que ele fez comigo! – lamenta a garota, toda chorosa. _ E agora, me diga o que eu vou fazer! Ora, essa... Ora essa! – e se vira para frente, pensativa.
Endora chega por trás e diz, rindo:
_ Sabe que é até muito bonitinho vê-la assim, depois de tanto tempo? – e dá uma longa risada. _ Ah, Samantha... Quantas saudades de minha filhinha, quando ainda era só uma garotinha... – e chegando em frente da pequena Samantha, se abaixa e diz:
_ Lembra-se de quando moramos no Tibet, Samantha? Você deveria aparentar justamente essa idade! – completa Endora, com um ar saudoso de aprovação.
_ Ouuuuh! Mamãe! Isso é hora para recordar coisas passadas? – diz Sam, aborrecida. _ Eu estou presa nessa idade, sem poder fazer qualquer coisa útil! Tabatha está resfriada, James está no trabalho e eu aqui sem altura nem para alcançar a prateleira da geladeira! Dessa vez, Tio Arthur exagerou na brincadeira... Ooouuuuh, quando eu estiver de volta ao meu estado normal, ele vai ver só uma coisa!
_ Acalme-se, Samantha! Não há motivo para pânico... Se bem que... Eu gostaria muito de ver a cara de Jônatas quando a visse nesse estado... – diz Endora, com expressão marota.
_ Oh, mamãe! – responde Sam, com desaprovação.
_ Não se preocupe, Samantha, vou procurar seu Tio Arthur e estarei de volta num instante! – diz Endora, erguendo os braços ritmadamente e desaparecendo em uma nuvem de fumaça verde.
_ Mas mamã... – lamenta Sam. – ... Como é que eu vou esquentar a mamadeira de Tabatha?
A campainha toca novamente.
_ Oh, minhas estrelas! Será que todos deixaram pra me visitar justo hoje?
A pequena Samantha abre a porta e Gladys vai entrando e dizendo:
_ Escute aqui, garotinha, ou seja lá quem você for. Eu sempre soube que havia algo de muito estranho nessa casa, e agora quero saber o que é!
_ Ma-ma-mas, Sra. Kravitz, não há nada de errado aqui! – a garota, ainda com a voz de Samantha adulta tenta despistar.
_ E como você me explica uma menina de 12 anos como você ter a voz de Samantha Stephens, hã? – retruca Gladys Kravitz com cara de “te peguei!”.
Pensando rápido, Samantha responde com uma vozinha fina:
_ É que sou boa em imitações... - diz, entre risos, e continua - Prazer, Sra. Kravitz, sou Linda, sobrinha da Sra. e do Sr. Stephens... - e estende a mão para Gladys.
A vizinha se assusta um pouco e pergunta, recuando:
_ Mas, mas como você sabe meu nome, se nunca nos vimos antes?
_ Bem, Sra. Kravitz, minha tia me contou sobre a senhora... Sabe, ela acha que a senhora é uma vizinha muito boa e prestativa. - responde a garota, com uma carinha angelical, acima de qualquer suspeita.
Gladys abre a guarda, dá aquele sorrisinho de alívio e diz:
_ Puxa... Já estava achando que algo estava errado por aqui... - e aperta a mão da garota.
_ Mas, onde está sua tia, Linda?
_ Oouuh, essa não! - Samantha pensa, suando frio - Tenho que inventar algo, e rápido! – e responde, por fim: _ Oh, ela foi ao mercado e depois iria ao médico.
_ Sua tia está doente? - Gladys pergunta, curiosa.
_ Oh, não, é a prima Tabatha. Tia Samantha teve que sair às pressas, já que Tio James não está em casa, e pediu-me para ficar com o bebê enquanto ela está fora... Mas, eu não posso fazer muita coisa, sabe? – responde, em tom de lamento.

(Ouve-se o choro de Tabatha vindo de cima)

_ Acho que ela está com fome. Sabe, eu queria preparar a mamadeira, mas Tia Samantha disse para eu não mexer com fogo... – a garota faz uma carinha preocupada.
Gladys faz uma expressão de pena, enquanto a garotinha à sua frente parece ter uma ideia:
_ A senhora poderia me ajudar?
_ Oh, oh sim... – responde Gladys, pega de surpresa. – Claro que posso! – ela completa, entre uma de suas risadinhas.
_ Oooh, isso é fabuloso! – responde Samantha, com exagerada alegria. – Vou lá para cima ficar com o bebê.
Samantha sobe as escadas, um pouco aliviada por ter despistado Gladys Kravitz, que vai para a cozinha, cuidar da mamadeira, murmurando consigo mesma:
_ Nunca tinha visto essa sobrinha de Samantha... De quem será que ela é filha? A Sra. Stephens nunca me disse que tinha um irmão ou irmã... E nem o Sr. Stephens. Realmente, há algo estranho por aqui.
Gladys seca o bico da mamadeira com um paninho e, ao encaixá-lo no copinho, faz uma expressão confusa e diz:
_ Que tipo de mãe deixa um bebê doente sozinha com uma criança de doze anos que não conhece nada da casa?

Fade.

Com a mamadeira pronta, Gladys se dirige para o quarto de Tabatha, ainda confusa. Quando está prestes a subir as escadas, Endora magicamente aparece por detrás dela, exclamando:
_ Alô, Sra. Kravitz!
Gladys leva um tremendo susto e quase deixa cair a mamadeira.
_ Ma... Mas, eu não vi a senhora entrar!?!? – responde ela, virando-se para Endora.
Rindo, com ar de superioridade, Endora responde: _ A senhora estava muito distraída... – e, circulando Gladys, continua – Devia prestar mais atenção... Já imaginou se ao invés da mãe de Samantha, fosse um ladrão invadindo a casa?
Gladys se assusta e responde, recuando:
_ Acho que nem se fosse um ladrão eu me assustaria tanto! – Gladys diz, engolindo em seco.
Endora a encara seriamente e abaixa o braço, visivelmente enraivecida e pergunta:
_ Onde está Samantha? – e completa, maliciosamente – Já que a senhora sabe tudo por aqui...
_ Samantha saiu e ainda não voltou. Linda, sua neta está lá em cima com o bebê.
_ Linda?... – Endora volta o rosto para Gladys com ar de dúvida e, depois de um segundo, sorri e completa: _ Minha neta, mmmm.... Sim, sim!
Gladys, achando a mãe de Samantha extremamente estranha, resolve sair dali o mais rápido possível:
_ Bem... Eu ia levar a mamadeira para Tabatha, quando a senhora apareceu... Acho melhor fazer isso agora. – responde Gladys, suando frio.

(Ouve-se o choro insistente de Tabatha vindo do andar de cima.)

_ Oh, Sra. Kravitz... Tabatha está chorando! – Samantha aparece correndo no alto da escada – Por favor, venha logo... – ela suplica.
_ Com licencinha. – diz Gladys para Endora e sobe rapidamente.
Samantha desce e, ao passar por Gladys, pede, com arzinho inocente: _ Sra. Kravitz, a senhora poderia fazer o favor de dar mamadeira à Tabatha para mim? Preciso ir à cozinha... - e, mesmo sem esperar a resposta, desce rápido a escada. Gladys, confusa como sempre, vai até o quarto alimentar o bebê.
Na sala, a pequena Samantha vê a mãe e diz, animada:
_ Mamãe, que bom que voltou! Onde está Tio Arthur? – e, após olhar para os lados e não ver ninguém, ela pergunta ansiosa: _ Ele não veio com você?
_ Bem, Samantha... – Endora começa, sem muita convicção – Eu bem que tentei colocar um pouco de razão na cabeça de seu Tio Arthur, mas... Você sabe como ele é.
_ Ah, mamãe... – a pequena Samantha senta-se em uma das poltronas, apoia o rostinho nas mãos e, balançando as perninhas, suspira: _ O que é que eu vou fazer agora?
Endora, que até o momento se mostrava séria, de repente esboça um sorriso, dando dois passos à direita, deixando à mostra uma criança de cara emburrada, estranhamente familiar.
_ Tio Arthur!!! - exclama Sam, num misto de alegria e espanto.
_ Olá, Sammy - disse o tio, que, apesar de agora ser fisicamente uma criança, continuava com a mesma voz, assim como Samantha.
_ Que acha disso, Samantha? - pergunta Endora, com um ar de graça. _ Maravilhoso, não acha? - Endora completa, em meio a uma risada vitoriosa.
_ Realmente, mamãe, realmente! - responde Samantha. _ Não deixa de ser um bocado engraçado ver o brincalhão e criador de peças Tio Arthur sendo vítima de suas próprias feitiçarias! - completa, com uma expressão marota.
_ Ora, você duas! - responde Tio Arthur demonstrando estar pouquíssimo à vontade - Isso não tem graças nenhuma! Vocês deveriam aprender a ter espírito esportivo.
Consultando o relógio, Samantha diz, apreensiva: _ Mamãe, Tio Arthur, vamos acabar logo com isso, James está para chegar!
_ Não sabia que neste país se permitem casamentos antes dos 18 anos... - brinca Endora.
Samantha não faz caso, se levanta e fica frente a frente com o tio, mudado em criança, e pede: _ Bem, vamos lá Tio Arthur, acabe logo com isso!
O garoto, a contragosto, murmura o encanto:
“Binglou, zagou, spink... Que essa feiticeira agora pequenina, volte a ser a adulta que por minhas peças sempre me recrimina!”
Uma nuvem de fumaça se forma em redor da menina e, num instante, Samantha aparece em sua forma adulta.
_ Oh, mamãe! Eu voltei ao normal! Está tudo certinho!... - Samantha comemora.
_ Sim, querida, mas confesso que foi divertido rever minha garotinha de séculos atrás! - responde a mãe, com expressão nostálgica.
Tio Arthur, com cara de poucos amigos, se dirige à irmã:
_ E agora Endora, será que posso também voltar ao normal?
_ Está vendo Arthur? - caçoa Endora - Está vendo como suas ''brincadeirinhas'' são bem divertidas? - e solta uma risadinha sob o olhar descrente do irmão.
_ Endora, vamos com isso, já não me aguento mais tão ''sem graça'' neste corpo...
_ Está bem - e ela diz então as palavras mágicas:
“Blindur, vlagum, zlém: Criança enfadonha, que o mal da Quimera saia de ti, para que volte ao que era!” – Endora termina o encanto, com as mãos levantadas em direção a Tio Arthur.
Uma nuvem de fumaça roxa o encobre por alguns segundos e logo passa, dando visão ao bruxo em sua forma normal, que continua com expressão desgostosa:
_ Devo dizer obrigado, irmãzinha? - diz, com cara de nojo, ao que Endora responde com um sorriso e piscar de olhos. Arthur completa: _ Bem, não tenho mais nada a fazer aqui. Vou passar uns dias bem longe, em Barcelona. - e desaparece.
_ Enfim, tudo resolvido! - diz Samantha, com expressão de grande alívio - Mamãe, não quer subir comigo pra ver sua neta um pouco? – convida.
_ Não, já estive lá há poucos minutos... - responde ela - Como você disse que está quase na hora de Jameson chegar, acho melhor ir embora para evitar náuseas - completa, em um típico momento de implicância com o genro.
Samantha faz uma cara de reprovação, mas logo abre um sorriso e se despede da mãe: _ Até mais mamãe, e obrigada!
Endora responde: _ Até mais, querida! - e desaparece instantaneamente.
Nessa hora, Gladys desce a escada e encontra Samantha.
Surpresa, ela diz sorrindo: _ Bem, olá Sra. Stephens, vejo que já voltou!
_ Oh, alô, Sra. Kravitz... pois é, estou de volta. Espero que não tenha tido muito trabalho por aqui. - responde Samantha, também sorrindo.
_ Oh, não, de modo algum, não foi trabalho algúm. Vim procurá-la mais cedo e, como vi que não estava em casa, sua sobrinha Linda pediu-me para ajudá-la com a mamadeira de Tabatha, que agora já está trocada e dormindo... - responde Gladys.
_ Sem dúvida, Sra. Kravitz, foi muita gentileza sua ajudar minha sobrinha em quanto eu não estava. Ela me contou tudo, antes de ir com mamãe. Sabe como é... Não teria deixado Tabatha sozinha se não tivesse urgência em ir à cidade! - Samantha conclui.
_ Bem, está certo. Acho que já vou indo, Sra. Stephens. Meu marido Abner deve estar esperando por mim. - Gladys dá mais um risinho e entrega a mamadeira vazia para Samantha.
_ Até loguinho! - Gladys se despede, saindo pela porta.
_ Até logo, Sra. Kravitz. - responde Sam, fechando a porta.
Assim que Samantha começa a subir as escadas, a porta novamente se abre. É James, que chega do trabalho.
_ Oh, querido! - diz Sam, indo ao seu encontro, dando-lhe um rápido beijo.
_ Olá, Sam. Tive um dia difícil hoje, que cansaço!... – ele responde.
Nesse momento, frente a frente com sua esposa, ele a abraça e depois olha bem para seu rosto, dizendo:
_ E você, linda como sempre. Minha eterna garotinha!
Samanta então sorri para ele, e os dois se beijam.

Toque final do tema da série
Fade

FIM DO PILOTO

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E aí, o que acharam?

Dêem um desconto porque o texto foi escrito por dois garotos, há bem uns seis anos, muito antes de eu virar jornalista (mais especificamente, revisor, o que me tornou muuuuuuuito mais chato quando escrevo ou leio qualquer coisa, hahahaha)!
Posso trazer as outras?

Comentem!

Abração, e até!

sexta-feira, 3 de outubro de 2014

As palavras e eu - parte 2

Alô, alô, barraqueiros!

Estou de volta, no post da semana, e quero continuar compartilhando com vocês um pouquinho da minha paixão por escrever.

A era da Internet trouxe muitas tendências. Na rede, as pessoas têm espaço publicar o que quiserem e, da mesma forma como produzem conteúdo, também acabam consumindo. Comunidades e fóruns se mostraram um lugar perfeito pra essa troca de opiniões e material de todos os tipos, incluindo histórias - entre elas, as fanfics (apelidinho carinhoso para fan fiction, nada mais do que histórias criadas por fãs de séries, livros, filmes, outras histórias e tudo o mais que você imaginar).

Também acabei entrando nessa onda e me aventurei a escrever alguma coisinha. Como fã de A Feiticeira (não sei se vocês perceberam, rsrs), escrevi quatro histórias como se fossem episódios da série, mas acabei criando outras coisas não tão específicas, participando de competições e desafios de fanfics pela Internet afora, em sites e fóruns que talvez nem existam mais.

Revendo esses textos, sinto como se já tivessem passado muitos anos. Mudou o estilo, talvez a escolha das palavras... vejo nessas histórias certa inocência de alguém se aventurando em um namoro com a escrita olha aí, eu falando como se já fosse um Sidney Sheldon, mas que começava a pensar nessa relação como algo mais sério, o que acabou virando, mesmo: não é à toa que me tornei jornalista!

Motivado por essas lembranças todas, quero trazer pra vocês hoje um dos frutos de minhas antigas visitas ao Universo das Palavras. Deixo para vocês: London's Night

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Londres, 1930

A música no ar era doce, suave e envolvente, como a brisa leve que abraçava Londres naquela noite. Jovens casais aproveitavam o frescor e a tranquilidade para passearem juntos, abraçados, pelas calçadas e pontes da cidade, como que imersos na certeza de que somente o amor, o momento presente, bastava. Não haveria razão para se ocupar com mais nada.

Ah, como ele desejava estar assim com o objeto de seu amor, de mãos dadas, sob o brilho prateado da lua cheia, cúmplice dos apaixonados naquela noite londrina. Era tudo o que ele mais queria, mas não lhe era permitido.

O homem parou em frente ao luxuoso prédio do Babylon Coffee, o mais concorrido de toda a Londres, frequentado apenas pela alta sociedade local. Belas mulheres, em seus faustosos vestidos de festa desciam de carros igualmente caros, conduzidas pelas mãos dos choferes, ou, muitas vezes, dos distintos cavalheiros com quem passariam horas agradáveis conversando, bebendo e assistindo aos famosos números artísticos da sedutora Julie Joy, a cantora do lugar. Não havia dúvidas: era ali que Lady May Carlton estaria. Viver cercada de riqueza, luxúria e poder era sua vida, seu destino e sua perdição.

Cena do filme "Dinner at Eight", com Jean Harlow - 1933
O som do piano invadiu os ouvidos de Edgard e, logo, todos os sentidos estavam plenos daquela música lenta, envolvente, que o fazia desejar, mais do que nunca, estar com May, fazê-la compreender que nada valia mais do que o amor que existia entre os dois. Nem que, para isso, fosse preciso fazer em pedaços a harmonia orgulhosa e soberba daquela gente.

Edgard Hastings deixou o casaco negro com um carregador e adentrou o salão. As luzes estavam apagadas. As mesas, repletas. Apenas um facho de luz, forte, intenso, era possível divisar: ele incidia diretamente para a cortina rubra que vedava o palco.

Não tardou, porém, para que ela se abrisse. Sob discretas, mas constantes palmas, a estonteante moça elevou seu rosto e libertou a voz. Novos acordes saltaram do piano e encheram a sala. Julie Joy estava no palco. O amor estava no ar.

Deanna Durbin, cantora e atriz, 1940
Como num código secreto, instintivo, os casais se levantaram para dançar e Edgard calava dentro de si um desejo de gritar “Hey, preguem-se a seus lugares! Vocês estão me atrapalhando a encontrá-la! Deixem-me vê-la!”, mas não poderia fazê-lo, se quisesse ter uma chance, mesmo que mínima, de levar até o fim o plano que o trouxera àquele café.

Como num sonho, Julie Joy cerrou por um instante os brilhantes olhos verdes e deixou a delicada e alva face inclinar-se levemente, como se fosse adormecer. O jovem não pode desviar-se daquele gesto, pois, foi seguindo aquele doce rosto que ele divisou May Carlton, sentada, como uma imperatriz, à melhor mesa da casa... sozinha!

Veronica Lake, atriz, 1940
A voz melodiosa da cantora entoou mais dois versos e o tempo parou. Edgard sentiu o vento frio invadir o salão e notou que a resistente chama da grande lareira parecia atiçar-se ainda mais, ao invés de extinguir-se. Ele cruzou o salão, e, enquanto passava, era seguido pelos olhos curiosos de damas e cavalheiros. O homem continuou andando, com os olhos fixos nela, que, incrivelmente, era a única pessoa em todo o salão que parecia não tê-lo notado.

Sua mão, morena e firme, estendeu-se, delicadamente, num convite:

_ Lady Carlton, me concederia o inestimável prazer desta dança? – a voz deslizou suavemente, mas firme, sem hesitação, num pedido gentil e transbordante de amor.

A jovem ergueu a face branca, quase marfínica, de traços tão imponentes, e ao mesmo tempo, tão frágeis, e lhe dirigiu os olhos cinzentos numa expressão que mesclava o assombro e uma fingida indiferença.

_ Você... – limitou-se a dizer, como que também petrificada.

Os dois olhares se cruzaram uma vez mais, numa batalha intensa, confusa e turbulenta, travada, ora no íntimo dos corações, ora nas faces, sentida, acompanhada, assistida silenciosamente por todos os casais ali presentes.

_ Será que outra vez serei obrigado a esperá-la, May? Não serão suficientes os dez anos passados desde a última vez em que nos vimos? Dez anos exilado, obrigado a viver longe de você, lutando para não enlouquecer cada vez que a sua imagem me vinha à cabeça, em nome do que você dizia ser “o melhor para nós”? Não. Desta vez, eu não ficarei esperando, não serei obrigado a deixar a pessoa a quem mais amo, por causa do que pensam os outros. Eu estou aqui, Lady May Carlton, e estou por você. Eu enfrentei tudo e todos por sua causa. E por isso me encontro aqui, com minha mão estendida. Você realmente me deixará cruzar aquela porta outra vez?

Os olhos dela se estreitaram, furiosos, inflamados, parecendo querer devorar o homem a sua frente, fazê-lo pagar por expô-la de tal forma, diante dos mais influentes membros da sociedade londrina, de seu meio, onde Lady Carlton era quase uma rainha. Ela se levantou, quase disposta a destruí-lo, mas, ao olhá-lo nos olhos, soube que não poderia fazê-lo.

Edgard Hastings continuava com a mão estendida e moça não precisou olhar outra vez para aquela mão e para os verdes olhos do moreno parado à sua frente. Era agora ou nunca. Era aquela dança. Era o momento deles. Julie Joy começou a cantar novamente, o som do piano preencheu outra vez a sala, os casais voltaram ao centro do salão e, no meio da classe mais rica e tradicional de toda a Londres, o operário e a filha de nobres dançavam juntos, de olhos fechados. Juntos, para nunca mais se separarem outra vez.

Foto publicitária, provavelmente do meio cinematográfico, anos 40-50
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O que acharam? Devo continuar tentando? Comentem aí!
Espero que tenham gostado e que continuem comigo em minhas próximas viagens...

Abração, e até!